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Análise - 12 meses de Haddad

Prefeito é propenso a assumir riscos políticos

Marca de Fernando Haddad é implementar inovações sujeitas a aprimoramentos em vez de postergar as ações

CLÁUDIO GONÇALVES COUTO ESPECIAL PARA A FOLHA

O primeiro ano de Fernando Haddad na Prefeitura de São Paulo comprova um estilo de gestão que já caracterizara sua passagem pelo Ministério da Educação.

Haddad é um político propenso a assumir riscos, preferindo antes implementar inovações de políticas públicas, que posteriormente terão de ser aprimoradas ou corrigidas, a postergar ações em busca de sua perfectibilidade desde o início.

Por um lado, tal estilo abre espaço para mudanças estruturais e de maior profundidade, por outro, as dificuldades iniciais comprometem a popularidade no curto prazo.

Veja-se o caso do Enem, política de grande envergadura e dimensão, implementada num curto espaço de tempo, que enfrentou percalços bem conhecidos.

Por um lado, isso rendeu críticas a Haddad; por outro, viabilizou a implantação do sistema rapidamente, sendo suas imperfeições corrigidas ao longo do processo.

Teria sido melhor esperar, até que tudo estivesse completamente ajustado, antes de implantar a ação? Quanto tempo teria sido preciso? Os problemas vividos (ou outros) teriam sido realmente evitados? Eis a dimensão do risco.

Esse estilo ousado de ação repete-se na prefeitura, com políticas como a da reformulação do sistema de transporte e do combate à corrupção.

Podem gerar insatisfação popular e turbulência política no curto prazo, mas tendem a produzir efeitos positivos a médio e longo prazos.

Haddad parece ter ciência disso, ao afirmar (em entrevista ao "Valor Econômico") que "governante tem outro tempo; o meu tempo é quadrienal". Sob esse aspecto, faz sentido arriscar medidas mais desgastantes no primeiro ano de mandato --incluído aí o ajuste do IPTU, barrado pela Justiça.

Haddad paga o preço de enfrentar uma incongruência no debate público.

Por um lado, criticam-se os políticos por pensarem apenas nos resultados imediatos e não avançarem políticas estruturais. Por outro, quando uma política mais ousada começa a ser implantada, critica-se seu executor por já não entregá-la completa e perfeita desde o início.

É o argumento de que enquanto não se resolve o problema inteiro, não se pode resolvê-lo por partes. Em políticas públicas, tal argumento é uma falácia.


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