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Tiroteio mata menina que estava no sofá de casa no Rio
Jovem de 12 anos foi atingida quando policiais perseguiam traficante em favela
Testemunhas afirmam que PMs atiraram sem critério; corporação diz que havia confronto com criminosos
Uma menina de 12 anos foi morta com um tiro na cabeça enquanto assistia TV no sofá de casa, no início da manhã de ontem, na favela Para-Pedro, no bairro Colégio, zona norte do Rio.
Maria Eduarda Ribeiro foi atingida durante confronto travado entre policiais militares e traficantes nos arredores da casa da família.
Outros dois parentes da menina também foram feridos dentro de casa.
Familiares da vítima disseram que a polícia atirou sem critério. Já a PM afirma que buscava traficantes e que estava em confronto.
Tio de Maria Eduarda, Silvano André da Silva, 49, foi atingido por um tiro no braço. Ele ajudou a socorrer a sobrinha e recebeu atendimento na mesma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) onde ela chegou a ser socorrida. Silva, depois, foi liberado.
Um primo da menina, de 7 anos, ficou ferido com um tiro de raspão na nuca.
PROTESTOS
Logo após a morte da menina, moradores colocaram fogo em um ônibus em protesto e bloquearam a estrada do Colégio, além da avenida Martin Luther King. Ninguém ficou ferido.
Mãe do menino ferido de raspão, Vanessa Soares da Silva acusa os policiais de terem atirado sem critério.
"Eu estava no momento. Os policiais vieram e atiraram. Não tinha bandido, não tinha traficante na minha casa", disse.
"A gente começou a gritar assassino', e eles saíram correndo", afirmou a mãe do menino ferido.
O tiroteio aconteceu no momento da troca de equipes da PM na comunidade --ocupada pela polícia desde o último dia 14 para evitar tiroteios entre facções rivais por disputa de território.
Criminosos do Comando Vermelho tentavam invadir com frequência a área dominada por traficantes do Terceiro Comando Puro.
Quatro pessoas morreram na comunidade na semana passada.
Em nota, a PM informou que o confronto teve início quando três PMs localizaram criminosos na região conhecida como Santinho, onde fica a casa de Maria Eduarda.
"Lamentavelmente a menina foi atingida no confronto. Tentamos socorrê-la, mas ela não sobreviveu. Os três policiais que participaram da troca de tiros já deixaram as armas [para perícia] e prestaram depoimento", afirmou o comandante do 41º Batalhão da Polícia Militar, tenente-coronel Luiz Carlos Leal.
No final da tarde, policiais trocaram tiro com traficantes na favela. Ninguém se feriu.
