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Análise

Transição da gestão dos mortos da esfera religiosa para a pública não foi bem resolvida

RENATO CYMBALISTA ESPECIAL PARA A FOLHA

Cidades de matriz católica desenvolvem relações de amor e ódio com seus cemitérios. São Paulo não é exceção.

O cemitério público é fruto da sociedade iluminista do século 18, que trouxe para o Estado a gestão da morte e dos mortos que antes pertencia à esfera religiosa.

No Brasil, chegaram um pouco mais tarde. Os sepultamentos nas igrejas só foram abandonados no decorrer do século 19. Mas essa transição nunca foi bem resolvida.

Se, por um lado, os cemitérios foram constituídos como algo laico e secular, por outro, os símbolos religiosos estão por toda parte.

De um lado, os cemitérios são repositórios de obras de arte sofisticadas, feitas por artistas famosos --museus a céu aberto. De outro, são considerados lugares tabu, mal-assombrados. São locais de devoção a túmulos de personalidades marcantes de nossa história, mas suas esquinas abrigam despachos e oferendas a santos afro-brasileiros.

O território do cemitério é público, mas os túmulos são privados, criando zonas obscuras e questões complexas em relação ao patrimônio histórico, aos deveres e às responsabilidades do poder público e dos proprietários.

Uma família pode reformar um túmulo de valor histórico? Tem o direito de levar para casa uma escultura tumular?

O vandalismo que ocorre periodicamente contra túmulos em cemitérios públicos traz à tona ainda outro problema: manutenção e gestão dos cemitérios mais antigos.

Poucos funcionários cuidam de imensas áreas com obras de arte e artefatos históricos importantes. São Paulo precisa entrar em paz com seus cemitérios públicos.


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