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Detentos com problemas mentais dormem em ginásio em Pedrinhas

Sem vagas de internação, 14 presos ficam isolados em quadra do presídio maranhense

Governo afirma que detentos estão em salão adaptado; Defensoria Pública aponta falha em oferta de remédios

JULIANA COISSI MARLENE BERGAMO ENVIADAS ESPECIAIS A SÃO LUÍS (MA)

Beira a loucura, mas Dinaleia de Jesus Mendes, 41, está em busca de uma cela --um xadrez, como prefere dizer-- para seu filho.

Sob a tutela do Estado, Eugênio de Jesus Souza, 25, nem sequer tem direito a um lugar atrás das grades.

Segundo a família, ele e outros 13 presos, todos com diagnóstico de doença mental, dormem na quadra do presídio São Luís 1, um dos que compõem o Complexo Penitenciário de Pedrinhas, o maior do Maranhão.

Sem a proteção de uma cela, Eugênio está submetido ao vento e ao frio --e Dinaleia desabafa: "Está chegando o inverno, fico preocupada de ele pegar uma pneumonia".

O presídio São Luís 1 foi projetado para 102 homens, mas está atualmente com 250.

Outra razão para o abrigo improvisado, segundo a mãe, é evitar que pacientes psiquiátricos se misturem aos detentos do Bonde dos 40, facção da capital rival da PCM (Primeiro Comando do Maranhão), do interior do Estado.

A mãe resume a rotina diária de Eugênio: "dorme na quadra, almoça, janta, merenda, tudo na quadra".

Eugênio está há dois meses no presídio. Antes, passou internado a metade do ano no hospital psiquiátrico Nina Rodrigues, em São Luís. A mãe diz não entender por que o filho recebeu alta.

Ele pede a Dinaleia que lhe consiga uma cela, "de preferência na ala dos crentes [evangélicos]". Assim, Eugênio poderá receber visitas.

A mistura de doentes mentais com outros detentos não se limita às queixas de parentes. Relatório do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) já denunciava a falha em 2011.

O documento apontava ausência de local adequado para presos com transtornos mentais. Mais: juízes afirmaram que havia hospitais psiquiátricos que se recusavam a receber pacientes porque o Estado possuía "dívida vultosa" com essas instituições.

Além de espaço, faltam também remédios. Segundo a Defensoria Pública do Estado, os presídios passaram três meses em 2013 sem ofertar psicotrópicos a quem tinha prescrição médica.

Procurado, o governo do Maranhão informou que os detentos estão num salão que foi adaptado, "com a devida estrutura", e também têm direito ao banho de sol.

Segundo o governo, todos serão transferidos após a conclusão das obras no Hospital Estadual Nina Rodrigues.

A Secretaria da Saúde diz que não tem dívida com clínicas psiquiátricas.


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