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Chuva já matou 14 pessoas em cidade de SP
Câmara de Itaoca, cidade no vale do Ribeira, recebeu 7 velórios simultâneos; ontem foram achados 6 corpos
Cheia de rio arrastou casas e espalhou montanhas de troncos, pedras e lama, algumas com 15 m de altura
A Câmara Municipal de Itaoca (a 347 km da capital paulista) recebeu, simultaneamente ontem de manhã, o velório de sete vítimas do temporal da noite de domingo. Havia famílias inteiras.
Em um dos casos, morreram um casal de irmãos e a tia. E outro irmão e o pai estão entre os desaparecidos.
Outra família atingida foi a de Silvia dos Santos, 37, que velou a irmã Silvana e diz não esperar achar com vida o cunhado, a mãe e dois sobrinhos. Todos estavam em casa.
"A gente só espera que façam as buscas de corpos aqui no bairro, pois eles com certeza estão debaixo da lama."
A destruição causada pela chuva deixou ao menos 14 mortos --6 corpos foram encontrados ontem. Dois deles estavam no leito do rio no município de Iporanga, a 30 km de onde as vítimas moravam.
A prefeitura ainda contabilizava ao menos 7 desaparecidos à noite. A Polícia Civil trabalhava com 15.
Itaoca é uma cidadezinha de 3.332 habitantes (estimativa de 2013 do IBGE) no vale do Ribeira, em São Paulo --região mais pobre do Estado.
A cheia do rio Palmital, causada pelo temporal, deixou pela cidade montanhas de troncos, pedras e lamas. Algumas 15 m acima do leito.
"Era um som muito alto. Depois veio um barulho ainda mais alto, com estouros", diz a funcionária pública Claudia dos Santos, 34.
Quando ela abriu porta da casa da sua mãe, viu que o rio calmo ali em frente havia virado um turbilhão de lama, com grossos troncos arremessados contra as pedras no leito. "Durante uma vida inteira aqui, nunca tinha visto o rio encher", conta.
Segundo a Defesa Civil estadual, uma chuva de volume atípico atingiu o topo da serra e levou lama rio abaixo.
"A cada ponte que as pedras e as árvores encontravam, a água era represada. Quando a ponte ruía, a água seguia em direção à cidade com mais força", diz o coronel Marco Aurélio Alves Pinto, coordenador do órgão.
A cheia abrupta do rio causou prejuízos ao longo de um trecho de 10 km e atingiu dois bairros (Guarda Mão e Lageado) e o centro do município.
A prefeitura estima mais de cem casas atingidas e pelo menos 19 destruídas. Cerca de 330 pessoas estão desalojadas --21 delas abrigadas em uma escola municipal.
Segundo o prefeito de Itaoca, Rafael Rodrigues Camargo, uma das principais preocupações é a falta de água e luz em bairros isolados. "Além disso, precisamos abrigar e alimentar os desalojados."
O governador Geraldo Alckmin (PSDB) foi na noite de segunda à região e permaneceu ontem ali. "O objetivo agora é salvar vidas."