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Sobreviventes têm de improvisar até lápides

DA ENVIADA A ITAOCA (SP)

No cemitério de Itaoca, as covas recém-cobertas de terra remetem à tragédia provocada pela enxurrada que atingiu a cidade no último dia 12.

No total, 24 pessoas morreram e três estão desaparecidas. Até homenagens aos mortos estão incompletas.

Não há lápide nem sequer placas que identifiquem as vítimas. Restou o improviso: um pedaço de papel, anotado a caneta, traz o nome das vítimas do temporal.

Algumas das "placas" estavam acompanhadas de cruzes. Uma das covas mais adornadas era a de Silvana dos Santos, 39. Ela, o marido, os dois filhos e a mãe foram varridos junto com a casa pela inundação em Guarda-Mão, o bairro mais atingido.

Na sepultura de Silvana, irmãs e outros parentes depositaram flores de plástico coloridas. Havia ainda uma pequena boneca fincada na terra e um par de brincos.

"São brincos grandes porque ela gostava de acessório chamativo, cabelo solto. Ela era muito simpática, alegre e gostava de se enfeitar", diz a vizinha Cleurizes da Rosa, 22.

Fora dali, a vida segue com restrições. Por orientação da Defesa Civil, todos os 60 moradores do bairro rural de Guarda-Mão tiveram de deixar as casas que restaram.

Drauzio Ribas da Rosa, 31, visita a casa da família para cuidar dos móveis e objetos que ficaram guardados. O temor dos moradores que sobreviveram é que sejam vítimas pela segunda vez: após o desastre natural, preocupam-se em ter a casa roubada.

"As nossas coisas estão todas aqui. Tem muita gente curiosa vindo ao bairro visitar. Quando vemos turmas de homens ficamos de olho", disse a irmã de Ivo, Cleurizes Ribas da Rosa, 22, que está abrigada na casa do namorado.

Sem coragem de voltar para casa e recuperar o que sobrou depois de perder o marido e uma sobrinha, a lavradora Maria Aparecida Mota, 60, teve um pequeno consolo. Desde o temporal, ela vive em um imóvel cedido por uma prima com Preta e Neguinho. Seus vira-latas haviam sumido durante a enxurrada, mas a reconheceram dias depois pelo caminho e a seguiram.


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