Folha de S.Paulo

'Acelerei para escapar', diz motorista que viu acidente

DO RIO COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

Para quem presenciou o acidente no qual um caminhão derrubou uma passarela na Linha Amarela, no Rio, o momento foi de desespero e frustração.

"A cabeça dele ficou muito tempo na água. Se soubéssemos primeiros socorros, ele talvez não fosse morrer na nossa frente", relatou Felipe Silva de Lima, 20.

Ele tentou resgatar Adriano Pontes de Oliveira, 27, um dos mortos, lançado de uma altura de mais de oito metros até um um canal que divide a via expressa, após o choque da caçamba do caminhão com a estrutura de metal.

O representante comercial José Luiz Aromatis, 53, disse ter sido movido pelo instinto de sobrevivência. "Acelerei para escapar quando vi que a caçamba ia bater", disse.

Ele seguia pela pista colado ao caminhão com a caçamba levantada. Após avançar, Aromatis continuou acompanhando o veículo pelo retrovisor, "sem poder fazer nada", conta.

Um dos casos mais graves entre os feridos ainda internados, o petroleiro Jairo Zenatti, 44, costumava ir para o trabalho de ônibus. Ontem, usou sua moto, que acabou atingida durante o acidente.

"Jairo saiu de moto para o trabalho [no aeroporto do Galeão] para ganhar tempo porque na maioria das vezes prefere ir de ônibus", disse a mulher dele, Camila Gomes, 24.

Também ferida no acidente, a vendedora Liliane de Sousa Rangel, 36, atravessava a passarela no momento da batida acompanhada da ex-sogra, Célia Maria, que morreu no desabamento. Elas iam ao supermercado.

Mãe do motorista do caminhão, Dulce da Costa, 50, disse agradecer a Deus "por ele estar bem". "Peço a Deus que também conforte os parentes das vítimas", disse. Segundo ela, o filho é motorista de caminhão há mais de dez anos.

Após mais de nove horas sob interdição, o tráfego na Linha Amarela foi liberado nos dois sentidos por volta das 18h30 de ontem.