Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Cotidiano

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Nair Salles (1914-2014)

Pelos pais, Lolota largou o noivo

ANDRESSA TAFFAREL DE SÃO PAULO

O casamento estava marcado, e o vestido, pronto, mas a paulista Nair Salles não quis nem saber: largou o futuro marido para cuidar dos pais.

A atitude não chegou a surpreender a família, já que a moça, de personalidade forte, sempre foi independente.

Com "uma cabeça boa para matemática", estudou contabilidade e foi uma das primeiras mulheres a trabalhar na extinta Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, que passava por Bauru (SP), cidade onde viveu desde os 15 anos.

No trabalho, até os mais machistas a respeitavam, porque se impunha com bastante rigor, dizia. Foi convidada pela empresa para implantar departamentos na sede, no Rio de Janeiro, e lá ficou quase um ano.

Seu jeito enérgico era conhecido também na família. Por ser a mais velha de dez irmãos, consideravam-na uma matriarca. Sem filhos, ajudou a cuidar dos sobrinhos. Mimou muito todos e ficava chateava quando não recebia a visita de algum deles.

Ao não poder mais dirigir, Lolota --seu apelido desde a infância-- passou a andar sozinha de ônibus, costume que manteve até uns quatro anos atrás, para ir à missa ou fazer trabalhos voluntários.

Pedia que seus presentes de aniversário fossem mantimentos, para que depois pudesse doá-los às entidades assistenciais católicas que ajudava. E assim aconteceu no último dia 20 de janeiro, quando completou um centenário de vida --idade que nem sonhava alcançar.

Morreu na quarta-feira (5). Deixa duas irmãs vivas: Nilza, com quem morava, e Ruth, além de 56 sobrinhos.

coluna.obituario@uol.com.br


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página