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País em protesto

'Fui eu', disse manifestante a amigo antes de fugir do Rio

Caio se despediu de colegas e contou ser responsável pelo 'caso do repórter'

Morador de Nilópolis, na Baixada, rapaz costumava andar de skate, soltar pipa e jogar futebol

DO RIO DE SÃO PAULO

Caio Silva de Souza, 23, se despediu de amigos antes de ser identificado pela polícia.

No domingo à noite, ele foi à travessa onde vive o avô paterno, Antônio, no bairro de Olinda, em Nilópolis (Baixada Fluminense), onde costumava se reunir com os amigos. Anunciou que iria viajar.

No dia seguinte, embarcou no ônibus que o levaria a Ipu (CE), onde moram familiares do avô --que está há uma semana na cidade, antes de o crime ter ocorrido. Mas Souza acabou preso no caminho, em Feira de Santana (BA).

"Ele veio falando que ia viajar. Disse: Sabe esse caso do repórter? Então, fui eu'. Eu falei: O que é isso cara?'. Ele disse que foi sem querer e estava com medo de alguém fazer alguma ruindade com ele. Por isso ia viajar", disse V., 14, que herdou o skate de Souza.

O manifestante chegou por volta das 16h de terça à pousada em Feira de Santana. Segundo Marcos dos Santos, dono do estabelecimento, registrou-se com nome falso, sem apresentar documento.

Sozinho, Souza levava uma mochila e aparentava tranquilidade, afirmou Santos. Pagou antecipadamente a diária de R$ 30, em dinheiro.

De acordo com o advogado Jonas Tadeu Nunes, ele não sabia que havia mandado de prisão contra ele. Após conversa por telefone, o defensor o convenceu de que era melhor desistir da fuga e aguardar na pousada os policiais.

De acordo com os quatro amigos do rapaz ouvidos pela Folha, ele afirmava que ia às manifestações sem a intenção de machucar ninguém. "Dizia que era black bloc'. Mas falava que ia lutar pelo povo, ia fazer o certo", disse o amigo.

Na análise do delegado Maurício de Almeida, Souza "se transforma na multidão".

"Sozinho, tem uma personalidade e, sob efeito da multidão, ele muda e passa a agir de forma violenta, se torna mais valente, mais forte, o que fez ele praticar crime."

NAMORO

Nas manifestações, Souza conheceu uma jovem que virou sua namorada (agora é "ex") e, que, ontem, ajudou a polícia a localizá-lo. Segundo os amigos, ela era "patricinha" e morava na zona sul.

À Folha a ex-namorada, que já foi administradora da página Black Bloc RJ no Facebook e pediu para não ser identificada, disse que recebeu uma ligação de Souza na segunda-feira. Ele estava desesperado com a divulgação de sua foto em jornais e TVs.

'NÃO FIZ NADA'

Souza costumava andar de skate, soltar pipa e jogar futebol. Há um mês, vendeu o seu skate ao amigo V., mas ainda não recebeu os R$ 200.

Quando foi se despedir, no domingo, disse que ele poderia pagar a seu pai, o enfermeiro Antônio Carlos.

O skate foi vendido sem o adesivo com críticas ao governador Sérgio Cabral (PMDB). O pai do rapaz o arrancou. "Ele [pai] é uma pessoa muito séria. Não gostava muito disso não", disse Bruno da Costa, 25.

Filho único, Souza mora num imóvel simples com o pai há cerca de três anos, quando saiu da casa da mãe.

A família começou a desconfiar na segunda à tarde que o rapaz passava por problemas. O pai procurou a ex-mulher para dizer que o filho fora trabalhar e não voltara. A mãe também recebeu uma ligação, na qual Souza disse: "Mãe, estou no centro [da cidade]. Não fiz nada, sou inocente."


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