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Meta de NY é zerar mortes no trânsito
Programa do novo prefeito da cidade americana tem prazo de dez anos e ocorre após alta recente nas ocorrências
Especialista diz que meta é simbólica, mas diretora acha ser possível até aplicar o programa em São Paulo
Em 2009, 256 pessoas morreram em acidentes de trânsito em Nova York. O número representa taxa de menos de 3,5 ocorrências por grupo de 100 mil habitantes --a menor registrada desde 1910, quando as estatísticas começaram a ser compiladas.
A prefeitura comemorou, mas de lá para cá a quantidade de vítimas voltou a subir. Em 2012 foram 277 óbitos, e no ano passado, 286.
A alta deu ao novo prefeito, Billl De Blasio, a oportunidade de anunciar um projeto ambicioso: zerar as mortes no trânsito em dez anos.
"Acreditamos que existe uma epidemia e a hora de começar a mudança é agora", disse, após a posse, durante homenagem a um menino de oito anos que morreu atropelado no bairro de Queens.
VISÃO ZERO
O projeto é inspirado no programa Visão Zero, lançado na Suécia em 1997, que propõe o "redesenho" dos sistemas de transporte com ênfase na segurança. Redução de velocidade, mudanças de traçado e ações educativas são algumas das ações.
A meta do antecessor Michael Bloomberg era chegar em 2030 com metade dos casos registrados em 2009.
Para Elliott Sclar, professor de Planejamento Urbano da Universidade de Columbia, o objetivo "zero mortes" é elogiável, mas simbólico.
"Sempre existirão motoristas bêbados, que podem causar acidentes, mas, ao estipular a meta, o prefeito quer dizer que vai levar o assunto a sério", avalia.
Sclar também chama a atenção para o aspecto político. "É um tema que agrada aos governantes, porque realmente é possível obter resultados concretos", afirma.
Já Caroline Samponaro, diretora da ONG Transportation Alternatives, que promove o Visão Zero em Nova York, considera a meta viável.
"É preciso um plano agressivo, que envolva vários tipos de estratégias, não só de redesenho do sistema de transporte e das vias, mas de aplicação da lei e de educação."
SÃO PAULO
Samponaro acredita que o programa pode ser aplicado em qualquer cidade, inclusive em São Paulo, onde esteve há um ano.
"As circunstâncias em São Paulo são muito diferentes das de Nova York, mas a questão principal é que qualquer cidade pode encampar essa meta e elaborar um plano para chegar lá", diz.
São Paulo teve 1.231 mortes em acidentes de trânsito em 2012, uma taxa de 10,8 vítimas por cem mil habitantes.
Contudo, a frota paulistana é quase quatro vezes maior --são cerca de 7,5 milhões de veículos, contra os 2 milhões de Nova York.
A prefeitura de Nova York pretende intensificar a aplicação de multas, ampliar o uso de câmeras de trânsito e aumentar a quantidade de semáforos com contagem regressiva, para indicar aos pedestres o tempo em que permanecerão abertos.
Também vai ser reforçado o efetivo de policiais voltados para a área e serão implementadas medidas específicas nos pontos mais críticos.
A taxa de mortes no trânsito de Nova York é menos da metade da observada nas dez maiores cidades americanas.
Mas representa cerca do dobro da de Tóquio e também é mais alta do que a de metrópoles como Londres e Paris.