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Emilio Fernandez Cano (1929-2014)
Um educador espanhol inquieto e generoso
DE SÃO PAULOA Guerra Civil Espanhola (1936-39) marcou a vida de Emilio Fernandez Cano. O bombardeio de Madri pelos fascistas levou o pai, um marceneiro republicano, a enviá-lo a Puzol, perto de Valência, onde passou mais de um ano. Por causa do conflito, Emilio só aprendeu a escrever aos 11.
No pós-guerra, enfrentou a fome e sofreu com a falta de liberdade imposta pela ditadura franquista. Desenhista autodidata, trabalhou em um escritório de arquitetura antes de emigrar para o Brasil, em 1953. Chegou a São Paulo sem um tostão, mas logo estava trabalhando como cenógrafo no TBC (Teatro Brasileiro de Comédia), na Vera Cruz e na TV Tupi. O cosmopolitismo da vida cultural paulistana o fascinou.
Convidado por Ítalo Bianchi a dar aulas no colégio Iadê, passou a dirigi-lo anos depois. Escola de vanguarda voltada para o design, as artes plásticas e a comunicação visual, foi um centro cultural onde reinava o livre debate de ideias. Incomodados, os órgãos repressivos do regime militar perseguiram a escola, professores e alunos.
Educador inquieto e generoso, foi ensinar espanhol na Sociedade Hispano Brasileira em 1986. O dinamismo de suas aulas e a qualidade do material didático que criou cativaram centenas de alunos.
Em 2008, o mal de Parkinson o obrigou a se aposentar. Sempre gostou de ler e de conversar, até morrer na quinta (13), de pneumonia, aos 85.
Era casado desde 1960 com Julia, filha de italianos que conheceu durante um baile --aliás, gostavam muito de dançar. Teve três filhos, Alexandre, Adriana e Olvenara, e dois netos, Llorenç e Mateu.