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SP diz que proposta federal não foi debatida
REYNALDO TUROLLO JR. DE SÃO PAULOA possibilidade de convocação das Forças Armadas para conter protestos violentos durante a Copa do Mundo não foi cogitada nas negociações com os Estados, segundo a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo.
"Em nenhuma das reuniões realizadas a partir de outubro, com a presença de secretários de outros Estados, cogitou-se o uso das Forças Armadas para a contenção de ações de vandalismo", afirmou a pasta, em nota.
Procurada, a Secretaria de Segurança do Rio de Janeiro não comentou a declaração da presidente Dilma Rousseff.
O comandante da Polícia Militar da Bahia, coronel Alfredo Castro, disse não se opor à atuação do Exército na contenção de protestos, desde que seja em uma ação de cooperação com a PM local. "Se sentirmos que a coisa extrapolou e que há necessidade de apoio, não vejo problema em termos uma parceria."
O posicionamento é semelhante ao do comandante da PM do Amazonas, coronel Almir David Barbosa. Segundo ele, o Estado já contava com a participação das Forças Armadas durante a Copa em apoio ao setor de inteligência.
"Temos uma boa relação [com o Exército], mas afirmo que, com o planejamento feito, dificilmente vamos utilizar as Forças Armadas."
Especialistas afirmam que a possibilidade de haver uma intervenção das Forças Armadas sem a solicitação dos Estados é remota.
"É muito incomum na história recente que a Presidência faça uma intervenção, apesar de ser possível", disse Luís Flávio Sapori, sociólogo e professor da PUC-Minas.
"Parece pertinente que o Exército fique de prontidão, porque não há sinais de que as forças de segurança dos Estados estejam devidamente preparadas para lidar com as manifestações", afirmou.
Para o cientista político e professor da USP Leandro Piquet, o Exército tem equipes bem preparadas para lidar com multidões. "O Exército tem nível técnico maior que de algumas PMs. Acho que não é o caso de São Paulo, de Minas e do Rio Grande do Sul, mas certamente é o do Rio e de vários Estados do Nordeste. Então, o apoio do Exército pode ser muito importante."