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Análise protestos na copa

Ideia é dar recado ao mundo, mas tropa vem sendo preparada

Preocupado com chance de greve de PMs, Exército treina homens e compra equipamentos para atuar em protestos

MARCO ANTÔNIO MARTINS DO RIO

Ao afirmar que o Exército poderá ser utilizado em situações emergenciais durante a Copa do Mundo, a presidente Dilma pretende dar um recado claro à Fifa e aos patrocinadores do evento: a segurança está garantida.

Se as Forças Armadas forem mesmo usadas, será a primeira vez desde a Copa de 1978 que os militares assumirão o protagonismo na segurança. Naquele ano, a competição foi realizada na Argentina, país que vivia sob violenta ditadura militar.

Mas a memória mais forte para o governo federal é a da Copa de 2010, na África do Sul, quando a polícia local cruzou os braços a dias da abertura do evento.

Por isso, o Palácio do Planalto decidiu agir e não esperar a confirmação de possíveis greves das polícias militares em Estados-sede como Minas Gerais, Ceará e Bahia.

Também quer estar pronto caso as manifestações fujam do controle da PM.

A luz de alerta no governo se acendeu em dezembro, com a discussão entre um sargento da PM de Brasília e o secretário de Segurança do Distrito Federal, Sandro Avelar, delegado federal.

Na ocasião, em um café da manhã com a PM, o militar avisou que se a categoria não recebesse aumento o "troco viria na Copa".

O ministro Celso Amorim e os generais da cúpula começaram a planejar como o Exército poderia ser usado no evento. Queriam evitar erros do passado quando, sem preparo, a Força foi chamada para agir na segurança pública.

Nos quartéis ainda é nítida a imagem de tanques de guerra apontando para favelas na Rio-92. De lá para cá, os militares se impuseram mais pelo tamanho da mobilização do que pelo preparo da tropa para agir junto à população.

Desde 2013, o Exército vem adquirindo escudos, capacetes e armas não-letais. O material foi distribuído para unidades das 12 cidades-sede.

Já passa de mil o número de militares treinados para agir em manifestações. Até os recrutas estão sendo treinados para policiamento.

O comandante da Força, general Enzo Peri, deu prazo até 27 de maio para que todos os batalhões nas cidades-sede enviem relatórios informando que já estão prontos para a Copa. Ontem, os militares lotados nessas cidades receberam um comunicado cancelando todas as férias no período do Mundial.

A Polícia Militar, força auxiliar das Forças Armadas, agora tem o Exército preparado para substituí-la em caso de necessidade no evento.

Em 2007, no Pan, a ideia de ter uma coordenação inédita da PF e da Secretaria Nacional de Segurança Pública pretendia inaugurar a era de civis planejando a segurança.

Mas agora a agenda de protestos no país e os baixos salários pagos à polícia nos Estados levaram o governo a ceder à pressão dos militares e colocá-los na linha de frente.

A questão é que, quando se planeja usar o Exército contra manifestantes, não há como não se lembrar de imagens do período da ditadura militar (1964-1985).

Naquela época, o controle das manifestações feitas por civis era das Forças Armadas. Quase 30 anos depois do fim da ditadura, o governo Dilma recorre às Forças Armadas para garantir à Fifa que a Copa estará segura.


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