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As ruas do quebra-quebra

ARTUR RODRIGUES DE SÃO PAULO

A rua Barão de Itapetininga, no centro de São Paulo, deixou de ser conhecida apenas como área de compras para virar o metro quadrado mais depredado por adeptos da tática "black block", que defende a destruição de patrimônio como protesto.

Depois do início das manifestações de junho, pelo menos 20 estabelecimentos situados em um trecho de 300 metros da rua já tiveram vidraças quebradas, portas amassadas, paredes pichadas ou foram saqueados.

Outros 17 locais nas ruas Direita e Sete de Abril e na praça Ramos de Azevedo, todos no centro da cidade, também viraram alvos.

"Agora, a gente já fica de olho nos cartazes para saber quando vai ter protesto e fechar antes", conta Vanessa Souza, 38, gerente de uma loja do Boticário na região. "No ano passado, entraram aqui, levaram tudo, vim trabalhar e encontrei a loja destruída."

Os saques na loja ocorreram em 18 de junho, quando manifestantes tentaram invadir a prefeitura. No dia, era possível ver pessoas carregando pelas ruas caixas com televisores de LCD e eletrodomésticos levados de lojas.

VIOLÊNCIA "SIMBÓLICA"

A depredação acontece geralmente no fim dos protestos. Pelo menos duas vezes, os ataques começaram quando os manifestantes passaram em frente a uma unidade do McDonald's.

"Eles escolhem alguns símbolos do poder, agências bancárias, empresas multinacionais e lanchonetes fast food para chamar a atenção", afirma o cientista político Pedro Arruda, da PUC. É a chamada violência "simbólica".

Em levantamento feito pela Folha, um terço dos locais depredados na região são bancos. Lojas de roupas, restaurantes e estabelecimentos de telefonia móvel vêm atrás. Alguns locais foram atingidos mais de uma vez.

Pequenos comércios nem sempre são poupados. "Atiraram uma cadeira na minha banca quando estava fechada", conta Martim da Silva, 47, que trabalha na rua Dom José de Barros, que cruza a Barão de Itapetininga.

Para garantir que não vai ter mais prejuízos e desestimular novos ataques, Silva passou a ficar de guarda na banca em dias de protesto.

ANTI-COPA

Neste ano, duas manifestações contra a Copa do Mundo ocorreram em sábados, quando bares do centro têm música ao vivo e os calçadões ficam lotados de mesas. A próxima será na quinta (13).

"Estamos lidando com terrorismo. Queriam roubar o som, quebraram as garrafas", disse Ademir Ramiro, 55, dono de uma lanchonete.

O tumulto fez com que vários clientes saíssem sem pagar. Ramiro estima que o prejuízo só no dia 22 de fevereiro, data do último protesto contra a Copa, tenha chegado a R$ 5 mil. "Foi o dia mais agressivo. As bombas da polícia caíram aqui dentro."

No meio da confusão, manifestantes tentaram se misturar aos clientes dos bares para tentar fugir da Tropa de Choque da PM. E perceberam que, muitas vezes, a mensagem que querem passar não é bem captada pelos demais.

"Quando estávamos fechando as portas, alguns tiraram a máscara e entraram aqui. Quase apanharam dos clientes", contou Alexandre Silva, 40, operador de caixa de um restaurante.

Associações ligadas aos bancos e lojas, como a Febraban e a Associação Comercial, não souberam informar o valor do prejuízos aos estabelecimentos.


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