Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria
Depredação de lixeiras em SP cresce 55% com protestos
Aumento foi de 2012 para 2013; cada troca custa R$ 100 às concessionárias
Gasto com restauração de locais pichados aumentou 40% no mesmo período, de acordo com a prefeitura
Os símbolos do capitalismo não são os únicos alvos dos "black blocs". Monumentos, prédios públicos e mobiliário urbano também estão na mira dos adeptos da tática.
Com os protestos, por exemplo, a depredação de lixeiras em São Paulo subiu 55,4% no ano passado. Em 2013, 61.833 lixeiras foram destruídas; em 2012, 39.801.
Responsável por parte da limpeza no centro de São Paulo, a concessionária Inova afirma que os protestos são responsáveis pelo aumento. Características das lixeiras, como a facilidade de serem retiradas para a manutenção, facilitam a depredação.
"As lixeiras são leves, fáceis de serem lançadas, grandes e ainda podem ser usadas como escudos", afirma Anrafel Vargas, diretor-geral da concessionária.
Vargas afirma que a empresa adaptou o calendário de troca e higienização dos equipamentos ao dos protestos, mas diz ser impossível evitar que locais depredados fiquem sem lixeiras por algum tempo.
A troca de cada lixeira custa R$ 100, valor bancado pela concessionária. Se a depredação continuar subindo nesse ritmo, porém, pode haver uma renegociação do contrato.
PICHAÇÕES
Entre os adeptos da tática "black bloc" há um grupo representativo de pichadores. Em junho do ano passado, eles atacaram as paredes e vitrais do Theatro Municipal. O custo estimado dos reparos na época era de R$ 12 mil.
O valor é pequeno se comparado ao que seria gasto para reparar o edifício Matarazzo, sede da Prefeitura: um total de R$ 250 mil que não incluía o restauro da estátua "A Guanabara", de João Batista Ferri, obra também atingida e que está em frente ao prédio.
Segundo a administração, as pichações também aumentaram. Em 2013, foram restaurados 1,9 milhões de m² a um custo de R$ 2,8 milhões; em 2012, foram 1,5 milhões de m², com o custo de R$ 2 milhões.
Segundo "black blocs" ouvidos pela Folha, muitas vezes, os danos ao patrimônio público são uma resposta à truculência da Polícia Militar. Na visão deles, a quebra de patrimônio é inofensiva se comparada à violência física da repressão governamental.
O delegado Arariboia Fusita, do 3º DP (Campos Elíseos), diz que o uso de máscaras dificulta a responsabilização dos "black blocs". Ele cuida da área que inclui o Theatro Municipal e as ruas Barão de Itapetininga e Sete de Abril.
"A região é um ponto crítico. Todo protesto começa na [avenida] Paulista e termina ali. Ou o contrário", diz. A diferença é que a Paulista, mais larga e iluminada, facilita a atuação da polícia para prevenir a depredação. (artur rodrigues)