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Cotidiano

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Acusado por plano do PCC foi liberado em delegacia

Detido com CNH falsa, Buda admitiu fuga de semiaberto, mas acabou solto

Polícia diz que faltava ordem da Justiça para manter na cadeia articulador de resgate; promotor contesta

ROGÉRIO PAGNAN DE SÃO PAULO REYNALDO TUROLLO JR. JOSMAR JOZINO DO "AGORA"

O homem apontado como principal articulador do plano de resgate de integrantes da cúpula da facção criminosa PCC chegou a ser detido pela polícia de São Paulo, mas deixou a delegacia pela porta da frente.

A prisão de Márcio Geraldo Alves Ferreira, o Buda, 32, ocorreu em 12 janeiro, quando a polícia já o considerava o coordenador do plano que resgataria chefes da facção, entre eles Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola.

Buda foi preso pela Polícia Militar na região do parque Novo Mundo, na zona norte da capital, após ser flagrado utilizando documento falso. Ele usava uma CNH (carteira de habilitação) em nome de Aleksandro Marcelino Soares.

Levado para o 73º DP (Jaçanã), Buda acabou confessando o uso do documento falso e ainda admitiu ser um "evadido do sistema prisional". Evadido é o termo técnico para descrever quando o preso foge da prisão em regime semiaberto.

De acordo com a Secretaria da Administração Penitenciária, Buda escapou do Centro de Progressão Penitenciária de São José do Rio Preto em 22 de fevereiro de 2010, onde cumpria pena de 12 anos por porte ilegal de arma e dois roubos.

Apesar de ser apontado pela polícia como membro do PCC e coordenador do plano de fuga da facção criminosa, de estar evadido do sistema prisional e de ter sido flagrado com documento falso, Buda foi liberado na delegacia.

Segundo a Secretaria da Segurança Pública, uma ordem de prisão expedida contra ele em 2010 havia sido anulada pela Justiça, não sendo possível, por isso, que ele permanecesse na cadeia.

"Não havia, até aquele momento, nada que permitisse que ele ficasse preso", afirma a pasta em nota à Folha.

Após liberá-lo, a polícia realizou uma série de buscas, até com ajuda de uma ex-companheira de Buda. Mas nunca mais ele foi encontrado.

Segundo o promotor de Justiça Roberto Livianu, doutor em direito penal pela USP, Buda não poderia ter sido liberado por ser reincidente e ter sido flagrado em um crime punível com reclusão --uso de documento falso.

"Não vejo justificativa jurídica para a libertação desse suspeito", afirmou.

Um procedimento adequado no caso, diz ele, seria o delegado registrar o flagrante e enviá-lo a um juiz do Dipo (departamento no fórum que centraliza autos de prisão em flagrante). "O juiz é que deve decidir se ele ficará preso."

MISSÃO

A revelação de que Buda foi preso e liberado da delegacia foi feita pelo governo no documento enviado à Justiça para pedir o isolamento de Marcola e de mais três integrantes da facção criminosa no RDD (regime disciplinar diferenciado).

Uma semana antes de ser detido com documento falso na zona norte, Buda foi fotografado no Paraná pelos policiais que investigavam o plano de fuga da prisão.

Segundo relatório da inteligência das polícias Civil e Militar e do Ministério Público, Buda tinha a missão de montar a base de apoio para o plano de resgate e também de conseguir as aeronaves que seriam usadas na ação.

O plano, conforme descrição desse relatório, incluía dois helicópteros --um deles camuflado-- para tirar os quatro chefes da facção do presídio e um avião para transportá-los até o Paraguai, passando pelo Paraná.

Segundo a Segurança Pública, uma prisão temporária de Buda foi solicitada pela polícia após o vazamento do plano de fuga no final do mês passado, mas acabou indeferida pelo Poder Judiciário.

"A polícia continua investigando o plano e deverá fazer novo pedido de prisão temporária", diz a nota.

A secretaria não informou se os procedimentos que levaram à liberação do suspeito ocorreram conforme o protocolo da Polícia Civil.


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