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Porto Velho enfrenta agora risco de água contaminada
Cidade já registra oito casos de leptospirose
Os netos de Eduardo Barbosa, 45, e Raimunda Madalena, 55, brincam nas águas do rio Madeira em um bairro pobre de Porto Velho, alheios aos males que o líquido imundo pode causar à saúde. "A gente até sabe do perigo, mas são crianças, né? Difícil segurar", diz Barbosa.
A cheia histórica do rio Madeira faz as autoridades ligarem o alerta para um grande perigo: a contaminação da água que chega até os bairros e se mistura a fossas sépticas, esgoto, lixo e animais mortos.
A cidade já enfrenta alta nos casos de leptospirose, doença transmitida pela urina do rato. E os peixes das áreas alagadas continuam servidos à mesa, embora o consumo seja totalmente desaconselhado pela Secretaria Municipal de Saúde.
O problema é convencer os moradores de que a água que sempre trouxe fartura agora pode até matar.
"Não é fácil dizer ao ribeirinho para evitar o contato com a água, evitar o peixe. Historicamente, as pessoas vivem em torno do rio", diz o secretário de Saúde da capital, Domingos de Araújo.
"A água está 100% contaminada. Peixes que habitam as águas paradas da cheia, segundo análise, também estão impróprios", diz Araújo.
Entre janeiro e ontem, oito casos de leptospirose foram confirmados, segundo o Centro de Medicina Tropical de Rondônia. No mesmo período de 2013 houve seis suspeitos, nenhum positivo.
Malária e dengue também preocupam as autoridades.
PARTO
Atendente de loja, Andreia Rodrigues, 26, estava grávida de oito meses quando a água do rio Madeira começou a invadir sua casa, na região central de Porto Velho.
Ela juntou o que pode, carregou as três filhas e, com a mãe e o padrasto, encontrou abrigo em uma igreja, assim como 66 famílias cujas casas também foram inundadas.
Na manhã do dia 7 deste mês, poucos dias depois de fugir da água, Andreia começou a sentir as contrações. Nicolas Miguel nasceu com 3,2 kg em uma das salas da igreja que se tornou sua casa.