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Análise

Com 'guerra da água', Alckmin e Cabral buscam dividendos políticos

VERA MAGALHÃES EDITORA DO PAINEL

Os governadores Geraldo Alckmin (PSDB-SP) e Sérgio Cabral (PMDB-RJ) se dedicam, nos últimos dias, a um duelo retórico ao estilo "a água é nossa" que deixa de lado questões técnicas em busca de dividendos políticos.

Alckmin estava acuado pelo conta-gotas diário do sistema Cantareira e seus sucessivos recordes negativos de capacidade de água.

Foi a Brasília para apresentar um plano para a Grande São Paulo e, assim, tentar reverter a ideia de que seu governo não tem um planejamento de longo prazo para dar uma resposta à crise.

A proposta apresentada a Dilma Rousseff foi a mesma que é debatida desde 2008, pelo menos. O plano de interligar a bacia do Paraíba do Sul ao Cantareira já era discutido no governo José Serra, e valeu ao tucano, na época, uma impopularidade que custou a ser revertida na região do Vale do Paraíba.

Alckmin também se preocupa com esse efeito colateral. O Vale do Paraíba, não custa lembrar, é a região do tucano, um político cioso de suas raízes e da força que conserva no interior do Estado.

Tanto é que, antes de se lançar à esgrima verbal com Cabral, Alckmin cuidava prioritariamente de esclarecer a São José dos Campos e vizinhança que sua proposta não implica "tirar" água da região.

Nesse contexto de incerteza técnica sobre o quanto será possível evitar o palavrão "racionamento", caiu como uma luva para o tucano a reação algo exagerada de Cabral, como se São Paulo estivesse propondo fechar as comportas imaginárias da bacia e condenar os fluminenses à seca.

O governador do Rio se lançou com tanta "sede" ao pote dessa polêmica porque também enfrenta desde o ano passado uma inclemente estiagem de popularidade.

Defender o Rio contra a fúria predatória dos paulistas, ainda que esta seja apenas fruto de uma historieta política, cai como uma luva para um político que tenta restabelecer algum peso.

Portanto, não será de espantar que a fusquinha retórica dure mais alguns dias, sem que isso traga uma só gota a mais de água para São Paulo ou tire um copo do Rio. Principalmente porque, ainda que a obra seja autorizada, seus efeitos levarão 18 meses para começar a ser sentidos.

Até lá, Alckmin e Cabral terão de fazer muita dança da chuva para tourear os problemas políticos imediatos que batem às suas portas, a despeito da guerrinha de secessão que ninguém leva a sério.


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