Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Cotidiano

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

O texto abaixo contém um Erramos, clique aqui para conferir a correção na versão eletrônica da Folha de S.Paulo.

'Não quero assustar passageiros', disse piloto

Áudio da conversa entre tripulação de avião e torre de Brasília mostra que comandante de voo evitou manobras bruscas

Ambulâncias e bombeiros foram acionados; só não foi pior por causa da perícia do piloto, diz passageiro

RICARDO GALLO DE SÃO PAULO

Com tom de voz calmo, o comandante do voo da Avianca evitou fazer manobras bruscas com o avião, antes do pouso, de modo a não assustar os 44 passageiros.

É o que revela o áudio da conversa entre tripulação e torre de controle de Brasília obtido pela Folha.

O comandante Verly (a reportagem não obteve o nome completo dos tripulantes) declarou emergência ao perceber que o trem de pouso dianteiro não havia baixado.

O trem é acionado por meio de uma alavanca no painel. Assim que o equipamento baixa e trava, a tripulação escuta o som característico e luzes se acendem no painel.

O problema é que as luzes do trem de pouso não acenderam, o que deu margem a duas possibilidades: falha no fusível da lâmpada ou, de fato, no próprio trem de pouso.

Uma das saídas é baixar a altitude do avião para que a torre de Brasília avistasse, com binóculo, se o trem de pouso estava baixado ou não --a "passagem baixa".

Ocorre que isso não basta para o equipamento estar pronto para aterrissagem: ele precisa estar também travado, e a "passagem baixa" não permitiria tirar essa dúvida.

A manobra traria ainda outro transtorno, disse o comandante: "Eu não quero assustar os passageiros com passagem baixa". Diante da impossibilidade de saber o que causou a pane, ele pediu à torre "apoio de solo, bombeiros e ambulâncias".

O avião então sobrevoou Brasília para queimar combustível e pousar com menos peso. O pouso do voo O6 6393 foi feito pelo copiloto, Jair.

CALMA

Um comandante da Avianca disse que pilotos são treinados constantemente em simuladores para situações de emergência. Daí a calma demonstrada pela tripulação.

O pouso bem-sucedido significa que todos os procedimentos de emergência foram seguidos corretamente, diz.

A funcionária pública Marcela Berte, 28, disse ao jornal "Correio Braziliense" que o piloto relatou a falha aos passageiros. "O piloto avisou que não conseguia ter certeza se o trem de pouso dianteiro funcionava. Avisou que faria um procedimento de emergência para evitar o pior."

Segundo ela, o pior momento foi o pouso.

"O avião foi para frente, houve um impacto muito forte e o peito do avião foi ralando no chão até parar. Pela janela, vimos bombeiros jogando espuma contra incêndio. Percebi muitos passageiros nervosos. Tivemos que sair rápido, sem pegar bagagens."

O engenheiro Roque Marinato, 70, passageiro do voo, afirmou à Folha que o acidente "só não foi pior por causa da perícia do piloto".

O último pouso de barriga de um avião comercial no país ocorreu em 2010, com um Embraer da Passaredo, em Vitória da Conquista (BA).


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página