Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Cotidiano

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

No Ribeira, condutor desafia a morte na pior rodovia de SP

Trecho mais precário da SP-250, na região mais pobre do Estado, teve 193 acidentes e 11 mortes no ano passado

Estrada é a única de São Paulo classificada como péssima por pesquisa da Confederação Nacional do Transporte

JULIANA COISSI ENVIADA ESPECIAL A APIAÍ (SP)

Encravada na região mais pobre do Estado, a SP-250 foge do "padrão paulista" de rodovias de qualidade.

A estrada tem buracos, curvas fechadas e nenhum acostamento, em meio à circulação de caminhões pesados de cimento e de madeira.

É, segundo pesquisa da Confederação Nacional do Transporte, a pior do Estado, com o carimbo de "péssima".

Coincidência ou não, a rodovia administrada pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB) corta a região mais carente do Estado, o Vale do Ribeira, com 0,3% do PIB de SP.

A nota "péssima", a única no relatório da CNT no Estado, é resultado de uma combinação de pavimento esburacado e curvas acentuadas sem áreas de escape.

Há duas semanas, a Folha percorreu o trecho de 132 km entre Capão Bonito e Ribeira, o mais crítico da via.

Logo no início desse trajeto, um funcionário do DER (órgão do governo que administra as rodovias do Estado) avisa a reportagem sobre uma situação comum na estrada.

Acabara de ocorrer um acidente naquele dia chuvoso.

Na curva do km 272, com a frente destruída, estava o carro do representante comercial José Zimmermann, 57.

O outro veículo envolvido sumira. Mas só do alcance dos olhos: escondido no mato alto, o caminhão de João dos Santos, 51, estava caído no barranco, abaixo da pista, com as rodas para cima.

"Isso não é asfalto. Está mais liso do que não sei quê", disse o motorista do carro que derrapou e bateu de frente com o caminhão.

A SP-250 é rota de ambulâncias que deixam a região sul do Estado até Sorocaba.

Uma delas, que passa ao menos três vezes por semana pela estrada, é guiada por João Batista Fortes, 51.

Ele se lembra das queixas de um paciente com fratura no fêmur por causa dos buracos na pista. "Vim na terceira e quarta marchas, devagar, mas ele gritava de dor."

Percorrer a via, de fato, é sofrer com solavancos causados pelos buracos e com o mal-estar gerado por curvas que parecem nunca acabar.

O degrau da pista em alguns pontos chega a 15 cm. O mato alto cobre placas e ocupa o lugar daquilo que deveria ser um acostamento.

Na curva do km 249 há pedaços de para-choque espalhados. A barra metálica de proteção não existe mais: foi arrancada em um acidente.

"O km 249 é o rei dos acidentes. Os policiais até brincaram que precisa trazer um padre para benzer lá", diz João Bernardo de Lima, funcionário terceirizado do DER.

No trecho precário, houve 193 acidentes no ano passado e 11 pessoas morreram.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página