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Cohab será vizinha de shopping de luxo na Vila Olímpia

Conjunto habitacional com 252 apartamentos será construído na área hoje ocupada pela favela Funchal

Prefeitura publicou no 'Diário Oficial' a liberação de R$ 40 mi para a obra; terreno deve ser desapropriado

ARTUR RODRIGUES DE SÃO PAULO

Cercada por empreendimentos luxuosos, como o shopping JK Iguatemi, na Vila Olímpia, a favela Funchal vai virar um conjunto habitacional da Cohab.

A gestão Fernando Haddad (PT) publicou ontem no "Diário Oficial da Cidade" a liberação de R$ 40 milhões para a criação das unidades habitacionais na comunidade que fica na rua Coliseu.

De acordo com a Secretaria Municipal de Habitação, o terreno de 4.400 metros quadrados deve ser desapropriado. O início das obras deve ocorrer no ano que vem.

Líder comunitária da favela, Rosana dos Santos, 44, diz que essa é uma demanda antiga. A família dela se mudou para o local há mais de 50 anos, quando a região não passava de um brejo.

Conforme a vizinhança foi se valorizando, aumentou o assédio de empresários querendo construir torres de luxo no terreno.

"Eles têm que entender que antes de a região ficar valorizada era um lugar onde ninguém queria morar. E nós resistimos", diz. "O shopping [JK] está aí há um, dois anos. Nós, há 52. Então, quem é que incomoda quem?"

De acordo com a Embraesp (Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio), o metro quadrado no local pode variar entre R$ 13 mil e R$ 16 mil. Por essa estimativa, o terreno de 4.400 m² pode chegar a valer R$ 70 milhões.

Rodeada de riqueza, Rosana chegou a ficar amiga da dona da butique Daslu, Eliana Tranchesi. Antes de morrer, em 2012, a empresária participou de projetos sociais na comunidade vizinha.

Com o shopping mais badalado da cidade, porém, a relação é diferente.

Rosana diz que tentou entrar em contato com o shopping JK para a criação de algum projeto social para a criação de empregos para jovens. "Nunca fui recebida por eles", afirma Rosana.

O shopping afirma que não foi procurado por lideranças da favela e que desenvolve projetos socioculturais.

Rosana afirma que os moradores pretendem participar do projeto do conjunto habitacional. Entre as demandas da comunidade, onde moram mais de 800 pessoas, está a construção de uma creche.

O cuidado agora é para a favela não ser invadida por pessoas de fora, querendo entrar na lista de moradores do futuro conjunto. "A gente não vai deixar", garante a líder comunitária.

Até os prédios ficarem prontos, os moradores da favela devem receber bolsa-aluguel da prefeitura.

OPERAÇÃO URBANA

A verba para a construção de 252 apartamentos vem da operação urbana Faria Lima --que vendeu créditos de construção ao mercado imobiliário para investir em melhorias na região.

A operação prevê a urbanização de três favelas. Além da Funchal, as comunidades Real Parque, na região do Morumbi, e Panorama, no Butantã, fazem parte do projeto de melhorias.

A Real Parque já teve 937 unidades habitacionais entregues e tem 317 em processo de construção.

Outras 600 unidades serão construídas na favela Panorama, onde a população está sendo cadastrada.


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