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Hortência Christina Montgomery (1935-2014)

Levou seu piano pelo mundo

FABRÍCIO LOBEL DE SÃO PAULO

No final da década de 60, depois de anos tocando em recitais e até mesmo no Theatro Municipal de São Paulo, Hortência Christina conseguiu, enfim, comprar o seu piano de cauda, um modelo da fábrica tcheca Petrof.

Com 36 anos, ao se casar, percebeu que teria um grande problema pela frente: carregar o seu Petrof ao redor do mundo, para onde quer que o marido se mudasse.

Isso porque Alistair Montgomery era um engenheiro naval e vistoriava navios em vários países.

Assim, Hortência e o Petrof viajaram para o Rio de Janeiro, depois para Santos e Porto Alegre. Em muitas dessas mudanças, o piano teve que ser içado para entrar pelas janelas dos apartamentos.

Em 1976, mudaram-se mais uma vez, agora para a Escócia. Por lá, Hortência deu aulas de piano para os vizinhos, enquanto o marido passava longas temporadas nas plataformas de petróleo.

Quando a família morou no Peru, o Petrof de cauda foi usado para dar aulas ao embaixador equatoriano e às filhas do embaixador sueco.

Nas muitas recepções a que foi convidada, Hortência tocava sempre peças de Chopin, Liszt e dos brasileiros Ernesto Nazareth e Villa-Lobos.

De volta ao Brasil, tocou piano mesmo depois de ter sido diagnosticada com Parkinson e Alzheimer.

As doenças degenerativas a afastaram aos poucos de seu Petrof. Com o tempo, passou a esquecer as músicas aprendidas na juventude e a perder a agilidade dos dedos sobre o teclado.

Morreu aos 78, em São Paulo. Deixa o viúvo, dois filhos e duas netas.


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