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Polícia de SP flagra de fábrica a churrascaria furtando água
Em meio a seca histórica, empresas usam até ímã para camuflar consumo
Proprietários de sete estabelecimentos comerciais foram indiciados; Sabesp aponta casos suspeitos
Em meio à crise no abastecimento, a Polícia Civil indiciou ontem os donos de sete estabelecimentos comerciais sob suspeita de furto de água na Grande São Paulo.
Alvo de operação da Delegacia de Crimes contra Órgãos e Serviços Públicos, eles foram flagrados usando técnicas diferentes para impedir o registro correto do consumo.
Entre elas, o uso de um ímã potente, capaz de mover objetos de até 250 kg, que, ao ser colocado próximo a um hidrômetro, trava o ponteiro que mede a vazão da água.
Ímãs como esse foram apreendidos em quatro estabelecimentos visitados.
Valendo-se desse meio, segundo a polícia, a fábrica de gelo Max Gelo, em Taboão da Serra, registrou um consumo médio mensal de 24 mil litros nos últimos anos.
Sem esse recurso, técnicos da Sabesp estimam que o estabelecimento teria um consumo mensal bem maior, de cerca de 500 mil litros.
Com essa estimativa, a empresa pagaria contas de água no valor de R$ 13 mil. Entretanto, um terço delas foi de R$ 67,56 --valor estipulado para meses em que indústrias gastam até 10 mil litros de água em Taboão da Serra.
O dono da fábrica não foi encontrado, mas foi indiciado. Ele deverá ser alvo de processo na Justiça.
O caso foi investigado por uma empresa de consultoria contratada pela Sabesp após um leiturista desconfiar do baixo consumo. A Sabesp instalou no lugar um hidrômetro "blindado", à prova de ímã.
A operação da Polícia Civil, apelidada de "Gato Escaldado", também encontrou fraudes nos relógios de cinco pensões, nos bairros Vila Mariana, Vila Monumento e Ipiranga, todas do mesmo dono.
Em duas das cinco pensões, foram encontrados ímãs. Nas outras três, os hidrômetros foram adulterados.
Rogério Alves, o proprietário, confessou, segundo a polícia, ter contratado uma pessoa para alterar os aparelhos. Ele foi detido, indiciado e liberado após pagar fiança.
O mesmo ocorreu com o dono da churrascaria Boi Gaúcho, na Penha (zona leste). No local, a polícia encontrou uma ligação direta feita por baixo da terra. O proprietário, identificado como Getúlio Pedro, disse que o restaurante fica num galpão alugado e desconhecia o desvio.
O delegado responsável pela operação, Dimas Pinheiro, diz que os "gatos" geralmente são feitos por quem já trabalhou ou ainda é funcionário das distribuidoras.
"Precisa ter conhecimento técnico para fazer um serviço desse tipo. Com esse argumento, essa pessoa passa confiança a quem está interessado em cometer esse crime."
A Sabesp não comentou essa afirmação. A companhia disse que repassa à polícia os casos suspeitos, identificados por meio de alteração significativa no padrão de consumo.
A polícia flagrou neste ano furto de água em outros sete locais, incluindo motel e posto de gasolina. Outros três casos são investigados.
Em 2013, foram registrados 46 casos desse tipo. No período, 37 pessoas foram detidas sob suspeita de furto.