Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Cotidiano

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Polícia de SP flagra de fábrica a churrascaria furtando água

Em meio a seca histórica, empresas usam até ímã para camuflar consumo

Proprietários de sete estabelecimentos comerciais foram indiciados; Sabesp aponta casos suspeitos

FELIPE SOUZA DE SÃO PAULO

Em meio à crise no abastecimento, a Polícia Civil indiciou ontem os donos de sete estabelecimentos comerciais sob suspeita de furto de água na Grande São Paulo.

Alvo de operação da Delegacia de Crimes contra Órgãos e Serviços Públicos, eles foram flagrados usando técnicas diferentes para impedir o registro correto do consumo.

Entre elas, o uso de um ímã potente, capaz de mover objetos de até 250 kg, que, ao ser colocado próximo a um hidrômetro, trava o ponteiro que mede a vazão da água.

Ímãs como esse foram apreendidos em quatro estabelecimentos visitados.

Valendo-se desse meio, segundo a polícia, a fábrica de gelo Max Gelo, em Taboão da Serra, registrou um consumo médio mensal de 24 mil litros nos últimos anos.

Sem esse recurso, técnicos da Sabesp estimam que o estabelecimento teria um consumo mensal bem maior, de cerca de 500 mil litros.

Com essa estimativa, a empresa pagaria contas de água no valor de R$ 13 mil. Entretanto, um terço delas foi de R$ 67,56 --valor estipulado para meses em que indústrias gastam até 10 mil litros de água em Taboão da Serra.

O dono da fábrica não foi encontrado, mas foi indiciado. Ele deverá ser alvo de processo na Justiça.

O caso foi investigado por uma empresa de consultoria contratada pela Sabesp após um leiturista desconfiar do baixo consumo. A Sabesp instalou no lugar um hidrômetro "blindado", à prova de ímã.

A operação da Polícia Civil, apelidada de "Gato Escaldado", também encontrou fraudes nos relógios de cinco pensões, nos bairros Vila Mariana, Vila Monumento e Ipiranga, todas do mesmo dono.

Em duas das cinco pensões, foram encontrados ímãs. Nas outras três, os hidrômetros foram adulterados.

Rogério Alves, o proprietário, confessou, segundo a polícia, ter contratado uma pessoa para alterar os aparelhos. Ele foi detido, indiciado e liberado após pagar fiança.

O mesmo ocorreu com o dono da churrascaria Boi Gaúcho, na Penha (zona leste). No local, a polícia encontrou uma ligação direta feita por baixo da terra. O proprietário, identificado como Getúlio Pedro, disse que o restaurante fica num galpão alugado e desconhecia o desvio.

O delegado responsável pela operação, Dimas Pinheiro, diz que os "gatos" geralmente são feitos por quem já trabalhou ou ainda é funcionário das distribuidoras.

"Precisa ter conhecimento técnico para fazer um serviço desse tipo. Com esse argumento, essa pessoa passa confiança a quem está interessado em cometer esse crime."

A Sabesp não comentou essa afirmação. A companhia disse que repassa à polícia os casos suspeitos, identificados por meio de alteração significativa no padrão de consumo.

A polícia flagrou neste ano furto de água em outros sete locais, incluindo motel e posto de gasolina. Outros três casos são investigados.

Em 2013, foram registrados 46 casos desse tipo. No período, 37 pessoas foram detidas sob suspeita de furto.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página