Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Cotidiano

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Desocupação de terreno no Rio tem confronto, saques e crianças feridas

Conflito entre policiais e invasores se espalhou pelas ruas; carros e ônibus foram incendiados

Havia cerca de 5.000 pessoas em área com 3 prédios da empresa Oi; ao menos 20 pessoas ficaram feridas na ação

DIANA BRITO DO RIO

A ação policial para remover os ocupantes de uma área da empresa de telefonia Oi no Engenho Novo, zona norte do Rio, terminou em um conflito que se espalhou por várias ruas do bairro.

Carros, ônibus e caminhões foram incendiados, três agências bancárias foram depredadas e dois supermercados, saqueados.

Ao menos 20 pessoas ficaram feridas, entre elas três crianças e nove PMs. Cerca de 30 pessoas foram detidas --21 delas participavam do saque a um supermercado.

A operação para retirar os cerca de 5.000 invasores, na estimativa da polícia, começou por volta das 4h, quando cerca de 1.650 policiais militares entraram no terreno.

O efetivo foi maior do que o empregado há duas semanas, quando cerca de 1.300 policiais iniciaram a ocupação do complexo da Maré.

Invasores reagiram atirando pedras, paus e coquetéis molotov. Os policiais revidaram com bombas de efeito moral, spray de pimenta e balas de borracha. Tiros de arma de fogo foram ouvidos.

Com 50 mil metros quadrados, o terreno tem três prédios, que estavam desocupados. Há cerca de duas semanas começou a receber invasores, a maior parte deles vindos das favelas de Mandela, Manguinhos e Jacarezinho. Em todos os andares, inclusive na cobertura, foram construídos barracos.

"Todo mundo já sabia que a Oi tinha ganhado na Justiça, mas a prefeitura disse que mandaria um representante para cadastrar a gente e levar quem precisasse para um abrigo. Por isso a revolta. Ninguém está nessa sujeira porque gosta", disse Fernanda Lúcia Pompeu de Souza, 36.

Carros de emissoras de TV e jornalistas foram apedrejados. O repórter do jornal "O Globo" Bruno Amorim foi detido por desacato, mas liberado em seguida. Ele teve o celular quebrado por um policial quando fazia imagens.

No entorno, grupos de 20 a 30 adolescentes caminhavam com pedras e paus nas mãos. Pilhas de lixo, pneus e colchões eram incendiadas.

"Moro aqui há mais de 40 anos e nunca vi nada parecido", disse Norma Costa, 70.

O motorista de um caminhão da Secretaria Municipal de Conservação foi feito refém pelos manifestantes, mas foi liberado logo depois.

"Era um exército em cima da gente. Levaram tudo, até nossas ferramentas", contou Luís Paulo Paixão, 35, que estava no caminhão.

Dos supermercados, pessoas fugiam com caixas de cerveja, chocolate, latas de leite, bacalhau e produtos de higiene. "Era igual bicho. Eles gritavam vamos levar essa porra toda'", disse o funcionário Antônio Souza, 45.

A Folha apurou que o governador Luiz Fernando Pezão foi informado que poderia haver resistência e que traficantes das favelas do entorno pretendiam atacar ônibus, carros e prédios públicos.

Foi decidido que não haveria negociação e que, se necessário, os policiais iriam para o confronto.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página