Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Cotidiano

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Onda de roubo de celulares impulsiona estatísticas do crime

Segundo delegado, entre 60% e 70% dos assaltos na região central da cidade têm como alvo os aparelhos

Celulares de origem duvidosa são vendidos nas ruas do centro; comprador pode ser indiciado por receptação

DE SÃO PAULO

Roubos de celulares, que viraram um dos principais alvos dos ladrões, estão em alta na cidade de São Paulo e têm ajudado a elevar as estatísticas de roubos em geral, que cresceram 45% em janeiro e fevereiro deste ano em relação ao mesmo período de 2013.

Para a polícia, o produto está na mira do crime porque encontra mercado fácil e rápido na capital. Celulares roubados são vendidos à luz do dia nas ruas do centro ou nas "feiras do rolo", inteiros ou em peças --a polícia descobriu que parte dos aparelhos agora vai para desmanche.

Segundo a estimativa do delegado Antonio Luis Tuckumantel, chefe da delegacia seccional responsável pela área central, de 60% a 70% de todos os roubos do centro têm como alvo os celulares.

No fim do ano passado, a jornalista Aline Scarso, 27, foi atirada ao chão por um homem que lhe pediu um cigarro na esquina da av. São João com a rua Ana Cintra, mas acabou levando seu celular.

"Ele [ladrão] interagiu com meus contatos e pediu para colocarem crédito. Duas pessoas puseram. Comprei um novo e agora uso senha de bloqueio", afirmou Aline.

Somente neste ano, de acordo com o site G1, foram roubados na capital mais de 40 mil celulares --média de um a cada três minutos.

A Secretaria de Segurança Pública não divulga o número de roubos de celular, apenas os dados gerais.

"Só existe roubo de celular porque existem receptadores", diz Tuckumantel. Por isso, afirma ele, a polícia está agora focada em identificar pontos de comércio ilegal para chegar aos receptadores.

Pode ser indiciado por receptação tanto quem compra o celular dos ladrões, para revendê-lo na rua, quanto quem adquire o aparelho na rua. A pena pode chegar a até quatro anos de prisão.

MERCADO PARALELO

De acordo com o delegado, um celular na rua sai por cerca de 20% do preço de loja.

Na sexta-feira, a Folha encontrou cinco homens vendendo celulares sem notas fiscais e por preço bem abaixo do de mercado nos viadutos do Chá e Santa Ifigênia.

Havia aparelhos iPhone e Samsung Galaxy --os mais visados pelos ladrões, segundo a polícia. Alguns aparentavam ser usados, embora os vendedores negassem.

Quando dois policiais militares se aproximaram, os homens guardaram nos bolsos os produtos, que ficavam no chão sobre caixas de papelão.

Na quarta-feira passada, 40 policiais civis fizeram uma operação contra o comércio ilegal no largo do Paissandu e apreenderam 25 celulares.

Ninguém foi detido, segundo Tuckumantel, porque há dificuldade para determinar a procedência do aparelho no momento da apreensão.

Apenas uma investigação pode determinar isso, diz o delegado, por isso é importante que a vítima registre um boletim de ocorrência.

Grandes eventos, como a Virada Cultural e o festival Lollapalooza, realizado no fim de semana passado, costumam gerar uma explosão de roubo e furto de celular.

O carioca Glauco Velloso, 38, foi uma das vítimas no domingo. Chegou a encontrar o suspeito, mas não conseguiu reaver o celular. "Ele foi revistado por um PM, mas já tinha repassado meu iPhone para outro. Disseram que não havia o que fazer."

No posto policial, Velloso diz ter encontrado outras vítimas. "Sou macaco velho de festival, ando sempre esperto, mas o negócio tava pegando mesmo."

Segundo o delegado Osvaldo Nico Gonçalves, somente dez vítimas de furto prestaram queixa no posto da polícia dentro do Lollapalooza.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página