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Ana Maria dos Santos (1950 - 2014)

Mãe de santo, cozinhou para Jorge Amado

FABRÍCIO LOBEL DE SÃO PAULO

Foi no terreiro de sua mãe, dona Arcanja, no Engenho Velho da Federação, em Salvador, que Maria baiana passou toda a infância.

Ainda muito jovem aprendeu a cozinhar moquecas, vatapás e acarajés. Segundo a família, os dotes lhe renderam o emprego como cozinheira de Jorge Amado, em sua casa no Rio Vermelho.

Ana Maria dizia que o patrão adorava sua moqueca.

Aos 20 anos, deixou a casa do escritor e tornou-se uma "baiana do acarajé", com bata rendada, saia vermelha rodada, colares de contas e lenço de cabeça.

Para ela, a indumentária tão conhecida das rodas de candomblé era obrigatória, já que o preparo de seus quitutes (muitos deles consumidos em festejos religiosos) exigia o respeito sagrado.

Durante 35 anos vendeu acarajé e bolinhos de estudante na faculdade de arquitetura da UFBA (Universidade Federal da Bahia).

Nos corredores da faculdade, começou a interessar-se por política e foi convidada a integrar a militância do PCdoB da Bahia.

Nesse meio tempo, com a morte de sua mãe, assumiu a responsabilidade de ser a chefe do terreiro da família.

A partir daí, ficou conhecida em Salvador como Mãe Ana das Quartinhas.

Filha de Iansã, que na religião africana é uma deusa guerreira, Maria tinha a fama de ser firme e obstinada.

Quando algum problema surgia, costumava bater no peito e dizer "me chamo Ana e farei jeito nisso".

Morreu aos 63 anos em Salvador, vítima de câncer. Deixa o viúvo, três filhos, sete netos e duas bisnetas.


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