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Sem professor, aluno teme atraso no curso

Estudante de engenharia da Unifesp diz que disciplina que é pré-requisito para outras não foi oferecida neste ano

Para contornar falta de docentes, escolas distribuem mais alunos por turma; MEC diz que há carência pontual

FÁBIO TAKAHASHI DE SÃO PAULO

O estudante Kalvin Leite, da Unifesp, precisaria cursar neste ano mecânica geral, matéria obrigatória e pré-requisito para outras no curso de engenharia química.

Ele relata que a carência de docentes ficou mais aguda neste ano, e a disciplina não foi oferecida. "Isso pode atrasar os semestres seguintes", afirma Leite, 22, representante dos alunos no campus Diadema, aberto em 2007.

Para contornar a falta de professores, as escolas têm distribuído mais alunos para os docentes disponíveis; aumentado a carga de aulas dos professores, reduzindo a de pesquisas; e colocando professor para lecionar matéria fora de sua especialidade.

"Para cobrir a ausência do professor de uma disciplina, o de outra área tem de assumir. A aula certamente não será a mesma", diz Roberto Nasser Junior, um dos vice-coordenadores do campus Diadema da Unifesp.

O vice-coordenador afirma que, para atuar fora de sua área original, o docente leva mais tempo para preparar a aula. "Muitos não dão a devida importância para esse preparo adicional."

Nasser Junior diz que seu departamento deveria ter seis professores a mais que os atuais 25. Desde 2011 ele busca um colega para a sua especialidade, que é resistência de materiais. "Ou não aparece ninguém ou o que aparece é ruim demais."

Segundo ele, a maior dificuldade para contratação aparece justamente nas disciplinas mais específicas, do fim do curso --como a dele ou a de projeto ou eletrotécnica.

Na UFABC, uma alternativa adotada foi a de distribuir mais estudantes por docente à disposição. Há em média 60 alunos por turma nos anos iniciais do curso. O ideal seriam 40, diz Annibal Hetem Junior, diretor da instituição.

"Ao menos a concorrência de alunos na seleção é alta, eles são muito bons. Isso compensa um pouco", disse.

O diretor afirma também que, como o corpo docente deveria ter 350 professores em vez dos atuais 270, os profissionais têm deixado a pesquisa em segundo plano para assumirem mais aulas.

"Teríamos capacidade de dobrar nosso volume de pesquisas, o que geraria mais desenvolvimento para o país."

'PONTUAL'

O Ministério da Educação entende que a carência de docentes existe, mas é "pontual", segundo o secretário de Ensino Superior, Paulo Speller. Ele diz que a tendência é que o problema diminua, pois tem crescido o número de pós-graduações em engenharia, o que pode formar mais docentes.

Pró-reitor de gestão de pessoas da UFSCar, Mauro Côrtes reconhece que a instituição enfrentou dificuldades nos últimos concursos. "Mas ainda não sabemos se é um problema estrutural."

Alvo de protestos de estudantes neste ano, a Universidade de Uberaba afirma que o problema já foi resolvido --houve uma saída "inesperada" de docentes, aprovados em outros concursos, mas eles já foram substituídos.

A Universidade Federal da Fronteira Sul, onde também houve protestos de alunos, disse que a carência é restrita a algumas matérias.


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