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Cantor mirim pode falar de sexo, afirma Promotoria
Pais devem autorizar trabalho dos jovens
Questionado pela reportagem, o Ministério Público de São Paulo respondeu por meio de sua assessoria de imprensa que os cantores mirins, com até 14 anos, podem trabalhar e fazer shows desde que os pais peçam autorização à Justiça.
No entanto, a jornada deve ser menor do que as oito horas diárias, como geralmente trabalham os adultos.
Acima de 14 anos, diz a Promotoria, a autorização não é mais necessária.
No caso do MC Pedrinho, que tem músicas com teor sexual, não há restrição ao conteúdo, de acordo com o Ministério Público. Pedrinho pode cantar o que quiser.
Segundo Carmita Abdo, coordenadora do programa de estudos em sexualidade da USP, meninos na idade de Pedrinho já falam de sexo entre si, inclusive com termos como os que o MC usou em suas músicas.
"Sexo é um assunto comum entre os pré-adolescentes. O problema é que esse tema vire o tema central numa idade em que ele deveria se preocupar com outras coisas, além de sexo", afirma.
"Ele cantou músicas com palavras que não condizem com a época em que ele está vivendo, que ainda é de descoberta sexual", completa.
"É uma grande brincadeira falar de sexo, improvisando no funk. Todo jovem nessa idade fala disso, eu falava com nove anos. A diferença é que Pedrinho tem o Facebook na mão", diz Julio Ludemir, produtor musical e autor do livro "101 funks que você tem que ouvir antes que morrer".
O produtor, que estuda o funk carioca, diz que o estilo musical é visto pelos jovens de bairros mais pobres como uma oportunidade de ascensão social.
"Esses meninos veem no funk uma chance de ultrapassar a cortina da invisibilidade social. Era assim com o futebol, foi assim com o pagode", argumenta.
Criar hits também é mais fácil para funkeiros, diz. "O menino não precisa de cinco anos de aula de violão ou de piano para produzir música. Ele improvisa na laje com um amigo, faz fácil uma música com apelo popular". (LM)
