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Paulistanos explicam descaso pelo Mundial

Fatores vão do aumento do preço do aluguel ao desprezo pelo 'futebol-mercadoria'

RAFAEL ANDERY DE SÃO PAULO

Apesar das cinco taças. Apesar de Pelé e Garrincha, de Bebeto e Romário, de Ronaldo e Rivaldo. Apesar de Nelson Rodrigues, de Neymar e de todos os outros pesares, muitos paulistanos não estão nem um pouco preocupados com a seleção brasileira na Copa do Mundo.

Os motivos do descaso variam -vão do preço do aluguel até a mercantilização do futebol, passando pelos gastos impostos pela organização do evento.

Mesmo contrária, a cineasta Carla Dauden, 24, faz questão de acompanhar de perto o evento. Em junho passado ela publicou no YouTube o vídeo "No, I'm Not Going to the World Cup" (em inglês mesmo), estrelado por ela própria.

Nele, elencava motivos pelos quais as pessoas (e ela mesma) não deveriam vir ao Brasil para assistir à Copa.

Em dois dias, o vídeo alcançou 2 milhões de visualizações. Hoje, ele tem pouco mais de 4 milhões.

Agora, ela está em São Paulo vinda de Los Angeles, nos EUA, onde mora há seis anos.

"Não vim para ver a Copa, vim para falar dela", afirma a cineasta, que está filmando um documentário narrando "a história de pessoas comuns afetadas pelo evento".

"A Copa nunca mais vai ser a mesma para os brasileiros", diz Carla. "As pessoas não vão se esquecer do que acontecerá por aqui."

COPA DO POVO

Nos arredores do estádio da abertura, em Itaquera, a maior referência ao Mundial fica em frente ao parque do Carmo, a quase 3 km dali.

Trata-se da Copa do Povo, uma ocupação de 7.800 pessoas, organizada pelo MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto). Os invasores compunham a maioria no protesto anti-Copa da quinta-feira (22), que reuniu 15 mil pessoas, segundo a PM.

Luciana de Souza, 35, mãe de santo que faz bicos de segurança, se espreme em uma das barracas da ocupação com mais quatro pessoas.

"Eu morava no centro de Itaquera, mas de dois anos para cá o meu aluguel passou de R$ 300 para R$ 700", conta.

O sentimento de Luciana diante da Copa do Mundo é mais de indiferença do que de animosidade.

"Quando a Copa era fora do Brasil, todo mundo via na TV, e vai continuar assim. Se bem que aqui nem eletricidade tem, então vai ser pelo celular e olhe lá", diz Luciana.

Quem não está satisfeito com o modo como o futebol vem sendo tratado pela Fifa é o professor de geografia Kadj Oman, 31.

"O futebol de hoje transmite valores opostos àqueles que eu aprendi", afirma Oman. Mas nem por isso pretende deixar de assistir aos jogos. "Ainda sou apaixonado por futebol", diz ele.


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