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Banco de desaparecidos mantém casos já resolvidos

Entre os registros, há pessoas que 'sumiram' antes até do nascimento

Base da Polícia Civil disponível na internet só possui 20% dos desaparecimentos anuais no Estado de SP

ANGELA BOLDRINI ALAN SANTIAGO COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O corpo do vigilante Emerson Heida, 28, foi encontrado em 2010, seu assassinato está julgado e um réu condenado em primeira instância.

Mas o nome dele continuava, até o início do mês, no banco público de desaparecidos que a Secretaria de Estado da Segurança Pública de São Paulo mantém na internet.

Criada para auxiliar nas buscas da polícia, a ferramenta permite listar características --como cor dos olhos e deficiência física--, descrever a circunstância do sumiço e acrescentar fotos.

Com 4.351 registros até o fim de abril, quando a Folha examinou a lista, o banco, abastecido pela própria polícia, representa apenas 20% dos desaparecimentos que ocorrem anualmente em SP.

Segundo dados oficiais da própria secretaria, repassados ao Ministério Público, em novembro de 2013, eram registrados entre 50 e 60 desaparecimentos por dia em São Paulo. Totalizariam cerca de 21.900 casos anuais.

Mesmo com a taxa de retorno, estimada em torno de 80% pela secretaria, há um deficit anual de 4.380 casos.

FALHAS

Erros simples, como de digitação, atrapalham a compreensão dos registros.

Por exemplo, Edson Batista Rosa é o mais velho de todos os desaparecidos do Estado de São Paulo. Nascido em abril de 1670, segundo sua ficha, ele teria hoje 344 anos. Está desaparecido desde 18 de julho de 2012.

O mais jovem, Caique Wesley da Rocha, desapareceu em setembro de 2012, mais de cinco meses antes da data em que supostamente nasceu.

Entre os registros, há homens informados como mulheres, adultos que desapareceram no dia de seu "nascimento" e cadastros sem o número da queixa.

Os 4.351 registros abrangem desde Francisco Venâncio de Souza, sumido em 1964, até os mais de 150 desaparecimentos em 2014.

Para o professor Dijaci de Oliveira, da Universidade Federal de Goiás, o problema tem de ser resolvido logo na feitura do boletim.

"Temos que fazer um treinamento sistemático no meio policial para que informações cruciais não deixem de ser levantadas", pontua ele, que escreveu tese sobre o tema.

Desde 2005, não há necessidade de esperar 24 horas para comunicar o caso à polícia, mas essa cultura, segundo o professor, não chegou ao meio policial. "As primeiras três horas são cruciais", afirma Oliveira.

OUTRO LADO

Procurada repetidamente por telefone e e-mail desde abril, a secretaria afirmou que as delegadas responsáveis pelo DHPP (Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa) não teriam espaço na agenda para dar esclarecimentos e que quaisquer informações, incluindo dados estatísticos atualizados, só poderiam ser fornecidos por elas.

A reportagem foi à sede da delegacia de desaparecidos, na Luz, mas também não conseguiu uma resposta oficial.

O nome do vigilante Emerson Heida foi retirado do site após o contato da Folha.


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