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Homem fica 'sumido' por dez anos sem saber

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O autônomo Rubens Romão Dias, 58, diz ter levado um susto ao tentar fazer uma nova identidade. Funcionários do Poupatempo, no centro de São Paulo, informaram que ele constava no sistema como "desaparecido".

O boletim de ocorrência foi feito há dez anos pela ex-mulher. Após uma briga, ele deixou a casa durante dois dias. Não avisou ninguém.

"Ela não foi orientada a voltar à delegacia para comunicar meu retorno", diz ele.

De 2007 a 2013, Dias visitou várias vezes a filha que mora em Florianópolis. "Já viajei até com minha neta, mas nunca fui nem sequer questionado sobre isso", diz.

Ele também não deixou de fazer movimentações bancárias e mantém contas de água e luz em seu nome.

O caso de Dias poderia ter sido diferente se os Estados compartilhassem informações sobre desaparecidos.

Uma lei de 2009 criou um cadastro nacional --coordenado pelo Ministério da Justiça, mas circunscrito a crianças e adolescentes. No site do banco, há 352 registros.

Outro projeto, que está tramitando desde 2011 no Senado, propõe a criação de um banco nacional de adultos, mas ainda aguarda ser votado na Comissão de Direitos Humanos da Casa.

A falta de um cadastro nacional impede que haja sistema de alerta unificado, segundo Dijaci de Oliveira, autor de tese sobre desaparecidos.

Com um sistema de alerta, seria possível acionar aeroportos e rodoviárias. Assim, passageiros como Dias poderiam ser interceptados.

"Se um carro sumir, ele entra num sistema nacional. O veículo furtado em São Paulo pode ser identificado em Santa Catarina. Já uma pessoa, não", afirma o major Marcus Roberto Claudino, autor do livro "Mortos Sem Sepultura", sobre o tema.

A falta de comunicação entre a polícia e os órgãos do Judiciário também atrapalha, segundo a promotora Eliana Vendramini, do Plid (Programa de Localização e Identificação de Desaparecidos). "Onde estava o Ministério Público antes do Plid [criado em 2013]? Não estava, porque a polícia não passava nada."


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