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Latif Amine Abdallah (1948-2014)

O meticuloso cozinheiro libanês

FABRÍCIO LOBEL DE SÃO PAULO

Seu Latif era um homem metódico, parecia um reloginho. Às 5h30, ele e o schnauzer Billy já estavam passeando pelas ruas de Uberaba (MG). Um segundo passeio com o cão ocorria religiosamente ao meio-dia. Um terceiro, às 18h e um derradeiro, antes do sono, às 21h.

Entre um passeio e outro, seu Latif trabalhava no restaurante da família, especializado em comida árabe.

Cheio de manias, ninguém podia mexer em suas panelas, panos e talheres. Gostava de assumir sozinho o controle da cozinha. Era ele que recebia o leite às 6h fazia a coalhada e preparava a carne para o quibe.

Outra rotina dele era o jogo de peteca no clube com os amigos, às terças e quintas-feiras. Nunca faltava.

No entanto, a rotina que mais lhe dava prazer era seu compromisso inadiável das 14h às 19h de todo sábado: a cerveja com espetinho com genros e amigos no bar do Elias, conterrâneo libanês.

Nascido no Líbano, Latif chegou ao Brasil aos 17 anos, disposto a ganhar a vida por aqui. Logo abriu uma lojinha com o irmão, em Uberaba. Vendia de tudo: cabide, brinquedos, roupas.

Com mais de 20 anos no comércio, decidiu mudar de ramo e abrir um restaurante, no qual trabalhava exaustivamente. "Dormir para quê?" dizia quando alguém falava que ele acordava muito cedo.

Uma vez por ano, Latif retornava ao Líbano, onde moram os irmãos, e comia damascos, figos e uvas frescos.

Morreu de infarto no dia 17, aos 65 anos, em Uberaba. Deixa a viúva, Cleodyr, e três filhos. Em um mês, seria avô.


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