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Prédio moderninho muda cara do centro

Lançamentos em locais como a Rego Freitas, ponto tradicional de travestis, prometem luxo e sofisticação

Urbanistas dizem que iniciativa é boa, mas que futuros moradores terão de conviver com diferenças

JAIRO MARQUES DE SÃO PAULO

Pelo menos cinco pontos de ruas degradadas e despovoadas do centro de São Paulo estão recebendo empreendimentos de moradia.

Até locais onde havia anos nenhum investimento privados de vulto era feito, como a rua Rego Freitas, tradicional reduto de travestis, está com lançamento.

Especialistas em urbanismo avaliam que as iniciativas são positivas, uma vez que representam um possível rompimento com o processo de esvaziamento registrado na porção central da cidade a partir do início dos anos 1980.

Na praça da República, com fundos para a rua Aurora, onde concentram-se vários "inferninhos" batizados de cines eróticos, o futuro edifício "Downtown" promete luxo e sofisticação para os compradores dos apartamentos de 42 m² e 59 m².

Na propaganda, o empreendimento afirma que contará com massagista, passeador de cachorro, personal trainer e outros mimos. Vaga de garagem para todas as unidades não é a proposta.

O lançamento é da construtora Setin, que tem também prédios na avenida São Luís, na rua Genebra e um quase pronto na avenida São João, há pouco mais de cem metros do minhocão.

Na Rego Freitas, o "Paulicéia", retrofit de prédio comercial, pretende oferecer bicicletário, depósito e piscina na cobertura.

O valor do metro quadrado no centro vai de R$ 9.000 a R$ 15 mil, conforme mostrou o caderno "Imóveis", da Folha, no domingo (01/06).

"O consumidor está de olho em algo além da aparência. A estrutura do centro é maravilhosa e a realidade hoje é melhor do que as impressões que temos dessa área da cidade", afirma Antonio Setin, presidente da empresa.

Para o empresário, os empreendimentos vão causar um "impacto positivo" nas ruas. "As pessoas que vão morar no centro vão exigir mais atenção do poder público, da polícia e vão querer uma realidade nova para o local, que terá um patamar social diferente de hoje".

CONVÍVIO

Apesar de os novos empreendimentos venderem a ideia de que vão "mudar a cara" das ruas, urbanistas ouvidos pela reportagem dizem que o centro aponta cada vez mais para ser local de convívio entre públicos diferentes.

"A iniciativa é ótima. Tudo o que precisamos para a região central são novas opções de moradia pequenas, bonitas, bem localizadas. Mas não vejo exclusão de pessoas, vejo uma mistura positiva de diversos grupos e atividades", afirma Nádia Somekh arquiteta e presidente do Compresp (órgão municipal do patrimônio histórico).

Rafaela, travesti que trabalha na Bento Freitas, onde será erguido o "Viber República", acredita que o prédio poderá espantar seus clientes "mais tímidos", mas afirma que não pretende sair da região por enquanto.

Diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo do Mackenzie, Valter Caldana, avalia que as grandes cidades do mundo, em suas zonas centrais, contam com "alto índice de convivência entre vários seguimentos".

Ele afirma ainda que, para serem duradouros, o processo de novos investimentos no centro e a retomada do lugar pelos cidadãos, é preciso "uma ação pública radical e simbólica: a demolição do minhocão, que é um entrave para a oxigenação da região."


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