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Trocas de governo afetam programas

Segundo especialistas, projetos para reduzir atraso escolar às vezes são abandonados por novas administrações

Falta de espaço físico, dificuldade logística e mudança de prioridade também são citados como obstáculos

ÉRICA FRAGA DE SÃO PAULO

As trocas de governos estaduais e municipais são testes de resistência para os programas de correção de fluxo escolar, que nem sempre sobrevivem às mudanças.

Os dados do Inep (instituto ligado ao Ministério da Educação) revelam forte oscilação nas matrículas nesses cursos por Estado. Para especialistas, isso é um retrato de como as políticas públicas são erráticas no país.

"Sempre que há troca de governo, é preciso um trabalho de convencimento de que o programa é importante", diz Ricardo Dantas, secretário de Educação de Pernambuco.

O Estado voltou a apostar na correção de fluxo em 2008. O Rio Grande do Sul também retomou esses programas.

Segundo Naia Labella, responsável pela política nas séries finais do ensino fundamental, os programas têm ajudado no combate ao atraso escolar. Apesar disso, ela ressalta que a continuação e a ampliação do projeto dependerá da decisão do governo que for eleito em outubro.

Antônio Vieira Neto, subsecretário de gestão de ensino do governo do Rio de Janeiro, também cita as oscilações da política como causa do sobe e desce nas matrículas de correção de fluxo.

"O Rio foi vítima de troca de política pública. Foram 15 secretários de educação diferentes em 15 anos até 2010."

O Rio era o Estado com mais alunos em programas de correção em 2013: 38 mil. Mas, entre 2000 e 2007, o número de matrículas despencou de 56 mil para 2.547.

Dificuldades de logística e infraestrutura são citadas como outras barreiras. "Nosso objetivo é expandir o programa que adotamos em 2011, mas há dificuldades como a falta de espaço físico nas escolas", diz Hélia Giannetti, gerente de ensino fundamental do Distrito Federal.

Inês Miskalo, coordenadora de educação do Instituto Ayrton Senna, ressalta a dificuldade de chegar até os alunos que estão em zonas rurais mais remotas: "demanda vontade política".

ALTERNATIVAS

Estados que praticamente não utilizam mais programas de correção de fluxo, como Bahia e Ceará, dizem que decidiram focar em outras prioridades, como alfabetização.

Em São Paulo e Minas Gerais, a avaliação é que, com a forte queda da defasagem escolar, esses programas vão se tornando desnecessários. Esses Estados apostam em políticas como o reforço escolar.

"A avaliação e a recuperação ocorrem de forma contínua", diz João Freitas da Silva, diretor do departamento curricular de São Paulo.

Clarice Traversini, diretora de currículos da Secretaria de Educação Básica do MEC, afirma que o forte investimento para expandir a jornada escolar também ajuda a explicar a menor oferta dos cursos de correção de fluxo.

Mas ressalta que o governo federal continua a apoiar Estados e municípios que queiram investir nesses programas. Para especialistas, a falta de conhecimento diminui a procura por esses recursos.

"Há muito desconhecimento nos municípios", diz Claudia Petri, gerente de projetos locais do centro de estudos Cenpec.


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