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Waldete Viana Romano (1918-2014)

Quinze filhos e muito bom humor

ANDRESSA TAFFAREL DE SÃO PAULO

Quando alguém via Demosthenes pela rua, altas horas da madrugada, logo dizia: "Lá vai o Nonô Dentista' buscar parteira". E não foram poucas as vezes. A mulher, Waldete, teve nada menos que 18 partos.

Costureira, ela trabalhava até tarde, à luz do lampião, para ajudar nas despesas, que cresciam com o tamanho da família. Nunca se queixou, porém. "Mais difícil que criar 15 filhos foi perder três", dizia, ao lembrar dos que morreram ainda pequeninos.

Waldete conheceu Demosthenes --12 anos mais velho-- na adolescência. Para agradar a rapariga, o dentista mandava, pelo futuro sogro, revistas de moda e figurinos com bilhetes amorosos escondidos no meio.

Foram quase 40 anos de casamento, até a viuvez, em 1973. Mais tarde, com os filhos criados, dedicou-se ao trabalho voluntário.

Fez roupinhas para a creche, mexeu enormes panelas em encontros religiosos, cuidou de idosos --alguns mais jovens que ela--, ajudou seminaristas pobres e tudo o que mais lhe pedissem.

Encarou ainda atividades "mais descontraídas": participou de desfile de moda beneficente, foi jurada de escola de samba e dançou vestida de homem em festa junina --só trocou de "lado" com a parceira após se aborrecer com as gozações por causa de uma foto publicada no jornal.

O bom humor era uma de suas principais marcas. "Nunca pensei que teria um filho tão velho", dizia aos primeiros, hoje com mais de 70.

Morreu no último dia 7, aos 96 anos, de falência de múltiplos órgãos. Deixa os 15 filhos, 26 netos e 16 bisnetos.


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