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Depois de seis meses fechada, USP Leste é liberada pela Justiça
Unidade estava interditada devido à contaminação do solo; alunos foram transferidos para locais provisórios
Decisão que libera reabertura de campus foi tomada após parecer da Cetesb afirmar que não há mais riscos
A Justiça decidiu nesta terça-feira (22) autorizar a reabertura do campus da USP Leste, interditado desde janeiro deste ano devido à contaminação no solo.
A liberação, antecipada pela Folha, foi feita após relatório da Cetesb dizer que a situação da unidade não traz mais riscos a alunos, professores e funcionários.
A interdição do campus ocorreu devido à presença de gás metano no solo, podendo ocasionar explosões. Além disso, parte da escola recebeu terra contaminada do desassoreamento do rio Tietê.
Parecer da Cetesb informou que a universidade tomou medidas corretivas, como instalação de sistema de extração de gases e isolamento da área com terra do Tietê.
O desembargador Alvaro Passos, que julgou o pedido de desinterdição feito pela USP, disse que liberou a unidade "diante da constatação pelo órgão ambiental do Estado de que, após a tomada de medidas corretivas, a comunidade acadêmica não estará submetida a risco caso o campus volte a ser utilizado".
No primeiro semestre letivo, os cerca de 5.000 alunos foram distribuídos em locais provisórios, principalmente em faculdades da zona leste de São Paulo e na Cidade Universitária (zona oeste).
Ainda não está definido quando as atividades voltam ao campus. O primeiro semestre letivo ainda está em andamento porque o início das aulas foi atrasado devido à interdição. O segundo semestre deve começar no dia 4, mas pode ser adiado.
Se as aulas tiveram um plano de emergência durante a interdição, as pesquisas praticamente pararam, pois dependiam dos laboratórios.
A unidade é a 30ª que mais produz ciência na USP, entre as suas 57 escolas. Possui pesquisa em áreas como saúde e inteligência artificial.
REAÇÕES
Estudantes ouvidos pela reportagem disseram estar aliviados com a liberação, mas também preocupados com a situação da unidade.
Na decisão desta terça-feira, a Justiça diz não haver "por ora" riscos, mas cobra que a universidade siga em processo de melhorias na situação ambiental do campus.
Uma estudante de 23 anos do curso de gestão pública reclama que o movimento que protestou contra a situação da unidade não sabe quais serão essas medidas.
Outra aluna, de ciências da atividade física, afirmou temer que a liberação da unidade faça com que não haja despoluição do campus.
O reitor Marco Antonio Zago disse em nota que seguirão ações "para resolver passivo ambiental de modo a fazer do campus modelo de ocupação segura e sustentável, em área que estaria de outro modo inutilizada".
A universidade sabe que a área é contaminada desde o início da construção, em 2004. As ações que satisfizeram Cetesb e Justiça só foram feitas após a interdição.