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Fast food é como pornografia, diz Pollan

Escritor americano arrancou risos da plateia e comparou comida a sexo de verdade

SYLVIA COLOMBO ENVIADA ESPECIAL A PARATY

"O maior problema que temos hoje com relação à comida é que delegamos sua produção a grandes corporações. O segredo de comer bem não está nos ingredientes que consumimos, mas no fato de se tratar de comida de verdade ou não", disse o escritor norte-americano Michael Pollan, 59, em sua mesa na Flip.

O jornalista passou os últimos 15 anos escrevendo reportagens e livros, como "Regras da Comida", de 2009, sobre os exageros da indústria alimentícia e alertando sobre nossos excessos à mesa.

Mais cedo, o autor havia dito que experimentara feijoada, moqueca --inclusive uma vegetariana-- e cachaça, e que tinha gostado de tudo. "Vocês têm comida de verdade aqui."

Para Pollan, uma pergunta que pareceria estúpida no passado, "de onde vem a comida?", hoje em dia é difícil de responder, alertando para a grande inserção de químicos e conservantes na comida industrializada.

"Além disso, os rótulos são muito confusos. Aqui no Brasil, comprei uma água que dizia: não contém glúten'. Eu nunca tinha ouvido falar de uma água com glúten, que bom que foi esclarecido na garrafa", disse, causando risos por parte da plateia.

BACTÉRIAS

O escritor explicou que, ao comermos comida industrializada, estamos matando a nossa fome, mas deixando que fiquem "famintas" as "bactérias boas" que atuam no nosso organismo para ajudar no processo da digestão e nos proteger de alergias.

"Se você come no McDonald's se sente alimentado, mas suas bactérias estão sofrendo. Você está mais exposto a ter diabetes no futuro."

E acrescentou: "A diferença entre fast food e comida é a mesma de pornografia em relação ao sexo de verdade".

O escritor contou que começou a pesquisar o assunto a partir da experiência de cozinhar para a sua família. E que a velha tradição de preparar mais, para deixar que a sobra das receitas vire saladas ou outros pratos para refeições seguintes é muito saudável.

"Em casa, se vamos fazer um salmão, cozinhamos mais do que a quantidade que vamos comer, e no outro dia aproveitamos o que sobrou em um outro prato. Esse processo de deixar que uma refeição dê origem à seguinte é muito importante, dá coerência à nossa alimentação."

Pollan criticou a política de alimentação dos EUA. Ele disse que a questão deveria integrar-se a medidas para a área de saúde e que o governo deveria deixar de dar apoio para a indústria de adoçantes.

Reforçou, ainda, a importância dos vegetais e dos grãos. O escritor criticou a indústria de combustível que usa cana-de-açúcar ou milho.

"Em vez de alimentar crianças que passam fome, estamos alimentando nossas SUVs [sigla para veículo utilitário esportivo] e caminhões."


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