Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Cotidiano

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Seca em região onde água é retida transforma reservatório em pasto

Estrada de terra que existia antes da construção de reservatório ressurgiu no interior de SP

Órgão do setor elétrico diz que queda no envio de água a rio pode causar colapso; SP diz priorizar abastecimento

ARTUR RODRIGUES ENVIADO ESPECIAL AO VALE DO PARAÍBA

Os moradores da cidade de Redenção da Serra (a 174 km de SP), no Vale do Paraíba, têm a impressão de que voltaram no tempo, antes da criação do reservatório de Paraibuna, há cerca de 40 anos.

Há aproximadamente dois meses, o trecho da represa que corta a cidade secou. A área onde antes barcos de pesca dividiam espaço com jet skis virou pasto para vacas.

Uma antiga estrada de terra reapareceu na estiagem e voltou a ser usada por motoristas da região.

"Até maio, havia água. Houve até um campeonato de canoagem", diz o enfermeiro Benedito Ramos, 40, nascido na época em que a represa foi criada, para ajudar a resolver os problemas de enchentes na bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul.

A seca na região virou tema de disputa entre órgãos federais e estaduais.

A Cesp (Companhia Energética de São Paulo) insiste em limitar a quantidade de água enviada da represa do rio Jaguari, onde ela opera uma usina hidrelétrica, ao rio Paraíba do Sul.

O argumento do governo Geraldo Alckmin (PSDB) é que o abastecimento humano tem prioridade sobre o fornecimento de energia.

Já o ONS (Operador Nacional do Sistema), que regula o setor elétrico no país, quer que a companhia aumente o envio de água da usina.

O órgão afirma que a contenção prejudica a geração de energia e pode levar a um "colapso" no abastecimento de água de cidades do Rio e do interior de São Paulo.

Principal reservatório do Vale do Paraíba, o Paraibuna está com 13,24% de sua capacidade de armazenamento.

De acordo com relatório do ONS, é um dos três reservatórios na bacia que podem secar até novembro --os outros são Santa Branca e Funil.

PREJUÍZO

Em Redenção da Serra, moradores afirmam que ainda não falta água na torneira. No entanto, dizem que o impacto econômico é grande.

"Sem os turistas, o movimento caiu pelo menos 50%", diz o comerciante Rodolfo dos Santos, 26. Ele é dono de um bar que fica próximo a uma região da represa que costumava ser frequentada por adeptos dos esportes aquáticos e pescarias.

Dono de um restaurante próximo da represa, Venâncio Antunes dos Santos Junior, 52, guarda fotos dos últimos 20 anos da represa, em tempos de muita e pouca água. Ele afirma que, no final da década de 1990, o reservatório também secou.

"Só foi encher novamente sete anos depois", afirma ele, que também tem registrado prejuízos com a estiagem. "A única solução para o problema aqui é fazer um dique para segurar a água."

Os moradores também se preocupam com a possibilidade de a secura que se vê no reservatório atualmente chegar às torneiras.

"Por enquanto, ainda não aconteceu. Mas a água que está saindo já está fazendo várias pessoas passarem mal", afirma o motorista Jaime Moreira, 58.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página