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Água liberada por SP para o Rio também serve para diluir esgoto

Se vazão se restringisse a consumo humano, tratamento de água seria inviável, diz especialista

Bacia do Paraíba do Sul abastece 10 milhões na região metropolitana fluminense e mais 5 milhões em SP e Minas

DE SÃO PAULO

Parte significativa da água enviada por São Paulo para o Paraíba do Sul é usada para diluir o esgoto do rio, poluído principalmente ao longo da Baixada Fluminense, região densa em população e indústrias.

Segundo Luiz Roberto Barretti, vice-presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Paraíba do Sul, apenas 38% da vazão total do rio é captada para abastecer a região metropolitana do Rio.

Isso equivale a cerca de 45 mil dos 119 mil litros de água que correm pelo rio a cada segundo. Para efeito de comparação, o sistema Cantareira, que abastece quase 9 milhões de pessoas na Grande São Paulo, capta até 33 mil litros de água por segundo.

"A água vai pura do [Vale do] Paraíba, mistura-se com o esgoto da Baixada Fluminense e, quando é captada [para tratamento], está bastante impura", diz Barretti.

De acordo com o engenheiro, a água enviada das cabeceiras da bacia, em São Paulo, ao rio principal é importante para diluir esse esgoto e garantir uma condição melhor de tratamento.

Para o professor de hidrologia da UFRJ Jerson Kelman, reduzir a quantidade de água enviada ao Paraíba do Sul --como o governo de São Paulo fez por alguns dias na última semana-- inviabilizaria seu tratamento para consumo humano no Rio.

"Se passar só a quantidade de água retirada para o abastecimento, a concentração de poluição seria tão forte que a água se tornaria intratável", diz Kelman. Ele ressalta, porém, que esse problema atinge rios no país inteiro, não apenas no Rio.

Segundo a pesquisadora da Unesp Dejanira de Angelis, quanto mais cidades um rio cruza, maior a poluição. "A bacia do Paraíba do Sul percorre 184 cidades, com atividade industrial e produção de esgoto intensa. Apesar de ser caudaloso, o rio é muito poluído em alguns pontos", diz.

O Plano de Recursos Hídricos de São Paulo aponta que a bacia do Paraíba do Sul tem trechos onde a qualidade da água é crítica e que falta tratamento ao esgoto despejado.

Quando a Cesp (Companhia Energética de São Paulo) decidiu reduzir a vazão da represa Jaguari, no último dia 6, pôs em risco o fornecimento de água no Vale do Paraíba e no Rio, de acordo com órgãos reguladores federais.

A empresa passou a compensar a restrição enviando mais água ao rio partir de sua represa Paraibuna.

Em São Paulo, a água da represa Jaguari é usada hoje prioritariamente para a geração de energia, abastecendo diretamente só o município de Santa Isabel (Grande São Paulo), com pouco mais de 50 mil habitantes.

Embora esteja com apenas 37,7% de sua capacidade hoje, o reservatório tem mais água do que quatro represas do sistema Cantareira juntas.

"É um conflito entre o abastecimento de uma pequena cidade e o de muitas cidades onde moram milhões de pessoas", diz Kelman. Segundo dados oficiais, 15 milhões de pessoas recebem água a partir do rio Paraíba do Sul, 10 milhões delas no Rio.


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