Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Cotidiano

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Clube gaúcho que celebrará casamento gay é incendiado

Há suspeita de ação criminosa; Centro de Tradições Gaúchas havia sido ameaçado

Cerimônia, em Santana do Livramento (RS), está mantida para o sábado; entidade tradicionalista é contra

PAULA SPERB COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O CTG (Centro de Tradições Gaúchas) de Santana do Livramento (a 495 km de Porto Alegre) foi atingido por um incêndio nesta quinta (11), após receber ameaças por permitir que um casamento gay seja realizado no local.

Ninguém ficou ferido. Segundo os bombeiros, o fogo no galpão do CTG Sentinela do Planalto começou por volta da 0h e foi controlado às 2h30. A suspeita é que o incêndio tenha sido criminoso. A polícia deve investigar o caso.

A cada semestre, há um casamento comunitário na cidade. Em julho, foram abertas as inscrições para a cerimônia, prevista para o próximo sábado (13), e a juíza Carine Labres, 34, determinou que casais gays poderiam participar.

No total, 28 casais heterossexuais e um homossexual estão previstos para o evento.

Por ser em setembro, quando é comemorada a Semana Farroupilha no Rio Grande do Sul, a juíza sugeriu que a celebração fosse em um CTG. O único centro que aceitou foi o Sentinela do Planalto.

O MTG (Movimento Tradicionalista Gaúcho) órgão disciplinador ao qual os CTGs são filiados, foi contra.

"Esse casamento [gay] é fora da nossa realidade. Nosso objetivo sempre foi a manutenção da família tradicional. O que está havendo é uma alteração", disse Rui Rodrigues, 61, presidente da associação tradicionalista da cidade e conselheiro do MTG.

Em resposta, Gilbert Gisler, 47, patrão (espécie de chefe) do CTG incendiado, disse estar honrando o artigo 9º da Carta de Princípios do Movimento Tradicionalista Gaúcho: lutar pelos direitos humanos de liberdade, igualdade e humanidade.

Segundo Deise Gisler, 45, também chefe do local, o centro recebeu ameaças por telefone após a decisão. "Disseram que, se continuássemos com o casamento gay, colocariam fogo no CTG. Mas nunca passou pela nossa cabeça que colocariam de fato", conta.

Os Gisler dizem que pretendem manter o casamento. Antes do evento, os bombeiros devem fazer uma vistoria para liberar o local. Até lá, voluntários devem se apresentar para limpar o centro.

As noivas no centro da polêmica são Solange Ramires, 24, e Sabriny Benites, 26, que namoram há cinco anos e trabalham em um pet shop no centro da cidade.

"Amigos, pessoas próximas e até clientes nos parabenizam pela coragem", diz Sabriny, que evitou falar sobre o incêndio. As duas dizem frequentar CTGs, principalmente durante a Semana Farroupilha, que relembra os ideais da Guerra dos Farrapos (1835-1845), ou para assistir a algum show de música.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página