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Despejo acaba em conflito e saques no centro; PM vê ação de 'black blocs'

Após confronto entre sem-teto e policiais, ataque a ônibus e furtos espalham pânico pelas ruas

Segundo a polícia, dez mascarados que eram monitorados por outros protestos violentos foram identificados

DE SÃO PAULO

A reintegração de posse de um prédio invadido por sem-teto na av. São João culminou em uma série de confrontos entre manifestantes e polícia, disseminando pânico pelas ruas do centro de São Paulo nesta terça-feira (16).

Saques e vandalismo, que foram atribuídos pela polícia a pessoas que se "aproveitaram" da ação de despejo, paralisaram parte da região por mais de 12 horas.

O comandante da PM na capital, Glauco Silva de Carvalho, afirmou ter identificado a atuação de integrantes da tática "black bloc", que prega a depredação do patrimônio como forma de protesto.

Segundo ele, foram identificados ao menos 10 adeptos da tática que eram monitorados por participar de outros atos violentos. Nenhum deles, porém, foi preso.

A polícia levou 94 pessoas para cinco delegacias, mas a maioria (89) foi liberada.

A reintegração estava marcada e começou por volta das 6h, de forma pacífica. Mas houve um desentendimento entre a PM e os sem-teto, que trocam acusações sobre como teve início o tumulto.

Do alto do prédio, sem-teto atiraram objetos nos policiais que estavam no térreo. Pedras, cocos, sofás e outros móveis foram arremessados das janelas do edifício, que já abrigou um hotel.

A polícia usou um caminhão para arrombar a entrada, bloqueada por móveis.

Em seguida, os embates se espalharam por ruas do centro. Manifestantes atearam fogo em sacos de lixo e bloquearam vias. Os policiais foram alvo de pedras e rojões e responderam com balas de borracha e bombas de gás.

Com medo, lojistas fecharam as portas e ruas geralmente lotadas ficaram vazias.

Na Barão de Itapetininga, estabelecimentos foram depredados e duas lojas, da Claro e da Oi, foram saqueadas.

Um ônibus foi incendiado em frente ao Theatro Municipal --que mais tarde cancelou a programação do dia --por 15 mascarados, segundo a polícia. Uma jovem de 19 anos foi presa sob suspeita de participar do ataque.

Bruna Oliveira, que estava na invasão, também usava máscara, mas foi reconhecida por um policial. Segundo sua defesa, ela entrou no ônibus para pegar um extintor.

Ela e outras quatro pessoas, presas em flagrante por furto, não foram liberadas.

Os confrontos arrefeceram e, perto das 13h, parte do comércio reabriu --por pouco tempo. Mais sacos de lixo foram incendiados por volta das 16h e a PM voltou a usar bombas para dispersar manifestantes na região.

Lojistas decidiram fechar as portas novamente e liberaram funcionários mais cedo.

Alguns deles, usando máscaras cirúrgicas para se proteger do cheiro de gás, procuravam ônibus para voltar para casa --mais de 30 linhas foram desviadas da região.

REINTEGRAÇÃO

O prédio da av. São João era ocupado havia cerca de seis meses por 315 famílias da FLM (Frente de Luta por Moradia) e já tivera duas reintegrações adiadas nos últimos meses. No momento da chegada da polícia, 200 famílias estavam lá --as demais haviam saído.

Invasores, PM e o proprietário tinham um acordo para a desocupação, por meio do qual os sem-teto sairiam desde que houvesse caminhões suficientes para a mudança.

O movimento diz que houve resistência porque havia só 13 dos 40 caminhões combinados. A polícia afirma que os veículos estavam lá, mas não estacionados juntos.

"Não houve nenhum descumprimento do que foi acordado. As agressões começaram por parte dos moradores", disse o secretário da Segurança, Fernando Grella.

O movimento nega e afirma que os integrantes só começaram a atirar objetos depois que a Tropa de Choque disparou uma bomba de gás.

Quando viu pela TV que a polícia havia entrado no edifício, o camelô William Jonatan de Jesus, 31, disse ter saltado do terceiro andar com o filho de 4 meses a tiracolo e levando outros dois pelas mãos.

"Pus o bebê no canguru' e pulei com as crianças num andaime do prédio vizinho."

Não houve tempo de voltar para buscar a mulher e o filho mais velho, que foram levados para o 3º DP (Campos Elíseos). Sem espaço na delegacia, os dois estavam entre os 81 sem-teto que foram detidos no edifício e tiveram que esperar em um posto vizinho.


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