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Ciclovia beneficia todos, atrai mais ciclistas para a rua e pode salvar vidas
YURI GONZAGA DE SÃO PAULOÉ preocupante a proporção de entrevistados que vê a bicicleta como um mero instrumento de lazer, em vez de um meio de transporte.
Esses 39% são evidência clara e triste de que as ciclovias são necessárias neste momento.
Como se não bastasse motoristas conduzirem toneladas de metal em uma velocidade desnecessariamente alta, com pouca perícia e atenção flutuante, grande parte deles ainda acredita que a rua só pertence a quem age dessa maneira.
Idealmente, a rua deveria ser ocupada por todos os cidadãos, estejam eles guiando dezoito, quatro ou duas rodas, sem discriminação --mas sabemos que não dá para ser assim, ainda.
A segmentação das vias, com pistas separadas para bicicletas e automóveis, é uma necessidade causada pelo culto ao carro, arraigado em todos nós.
Muitos podem argumentar que investimentos em transporte coletivo são mais urgentes que quaisquer em prol do ciclista. O ponto é que uma coisa não exclui a outra, pelo contrário. As duas frentes devem se complementar.
Eu sei que a estrutura viária da cidade de São Paulo podia ser bem melhor. Mas isso não é motivo para desistirmos de fazer algo por ela, ou de exigir que todas as esferas do governo façam.
A falta de segurança é o temor número um entre as pessoas que conheço que querem começar a pedalar para o trabalho. É, também, uma das principais armas argumentativas dos detratores desse modal.
Mesmo que infrutífera aos olhos de alguns, que seja incompleta ou incômoda, a ciclovia tem um efeito garantido: atrair mais ciclistas.
É um convite a experimentar o vento na cara e a maravilhosa constância nos tempos de deslocamento, com o bônus de potencialmente salvar vidas (de um atropelamento ou do tédio).
Em escala individual ou metropolitana, o uso da bicicleta só tem vantagens, e desencadeia um fenômeno urbano com o qual todos ganham --até quem é contra.