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Com bomba falsa, homem mobiliza Brasília por 7 horas
Mensageiro de hotel foi feito refém por ex-secretário de cidade do Tocantins
Uma das reivindicações era a aplicação da Lei da Ficha Limpa, já em vigor nesta eleição; sequestrador foi preso
Um homem com uma arma mão, um refém e um colete que parecia explosivo mobilizou por cerca sete horas 150 homens das polícias civil, militar e federal nesta segunda (30) em um hotel de Brasília.
A vítima foi o mensageiro José Ailton de Sousa, 55, que trabalha no local. Menos de duas horas após entrar no trabalho, tornou-se o único funcionário no edifício de cerca de 420 quartos, próximo à Esplanada dos Ministérios.
Foi selecionado ao acaso como refém por Jac Souza dos Santos, 30, que havia se hospedado de manhã e passou a fazer ameaças da sacada de um quarto no 13º andar.
O hotel escolhido foi o Saint Peter, o mesmo em que o ex-ministro José Dirceu (PT), condenado no processo do mensalão, tentou trabalhar como gerente no final do ano passado, com um salário de R$ 20 mil. Diante da repercussão na imprensa, o petista desistiu da função.
AMEAÇAS
Ex-secretário municipal de agricultura em Combinado (TO), candidato a vereador na mesma cidade em 2008 e filiado ao PP, Jac encaminhou uma "pauta genérica" à polícia, disse o diretor de comunicação da Polícia Civil, Paulo Henrique Almeida.
As reivindicações incluíam a aplicação imediata da Lei da Ficha Limpa, sancionada em 2010 e já em vigor nesta eleição, e a extradição de Cesare Battisti, condenado por homicídio na Itália. Há quatro anos, o Brasil decidiu não extraditar o italiano.
Com uma arma na mão, Santos ameaçava se matar e explodir um colete com supostas bananas de dinamite, vestida pelo funcionário
A polícia inicialmente informou que os explosivos tinham grande chance de serem verdadeiros. A área do hotel foi isolada e uma agência dos Correios próxima chegou a ser desocupada.
Pouco depois das 16h, após cerca de sete horas de negociação, Jac decidiu se entregar. Apareceu na varanda algemado ao lado da vítima, que estava sem colete. Quando a polícia entrou no quarto, descobriu que a arma usada por Jac era de brinquedo e o colete não tinha explosivos.
O sequestrador foi encaminhado a uma delegacia. Responderá por sequestro e cárcere privado, mais ameaça, o que pode levar a até nove anos de prisão. O mensageiro passou mal e foi encaminhado a um hospital.
José Alves de Souza, tio de Jac, acompanhou o sequestro pela televisão, em Combinado, e disse estar chocado.
"Ele sempre foi um menino tranquilo, nunca deu trabalho", disse, quando a ação ainda não tinha terminado.
POLÍTICA
Jac contou à polícia que a escolha do andar foi uma referência ao número do PT.
Na última sexta, escreveu cartas à mãe e aos tios, expressando desejo de "mudar o panorama do país", segundo relato da polícia.
Anotações apreendidas pela polícia indicam ainda que Santos acreditava estar prestes a morrer. O texto, escrito em 2012, contava que ele teria prazo de vida de dois anos. A polícia não confirma a veracidade do diagnóstico.