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Crise da água
Alto da Lapa fica mais de 3 dias sem água
Na zona oeste de São Paulo, carros-pipa e parentes socorrem moradores; 'é generalizado', afirma aposentada
Abastecimento é afetado por 'manobras técnicas' e será normalizado nesta terça, diz Sabesp
Depois de mais de três dias sem água, moradores da zona oeste de São Paulo estão apelando para carros-pipa e pegando emprestado da caixa-d'água de parentes.
"Quando acabou [a água] da minha caixa, tive de pegar um pouco da do meu filho", afirmou nesta segunda (13) a aposentada Leonilda Ielpo, 77, moradora do Alto da Lapa.
Os moradores do bairro afirmam que o desabastecimento, que antes era noturno, agora se estende por dias.
Vizinha de Leonilda, a aposentada Arlete Carvalho, 74, diz que as duas caixas-d'água de sua casa (somando 2.000 litros) não deram conta do período de "seca". "Nem reclamei porque sei que é generalizado", explicou.
Ela afirma que nunca ficou tantos dias sem água, nem mesmo em outras épocas em que houve racionamento.
A consultora Maria Forni, 32, que também passou o fim de semana sem água, ironiza o discurso da Sabesp.
"Minha caixa-d'água parou de encher. Mas eles não fazem racionamento, né? Administram a água", diz.
Na semana passada, a presidente da Sabesp, Dilma Pena, negou a vereadores que a empresa adote racionamento. Segundo ela, é feita "administração de disponibilidade de água".
Funcionário de um lava-rápido no bairro, José Carlos de Jesus, 38, que também vive com a família no local, afirma que o banho tem sido de canequinha.
"Estamos guardando o que resta de água em baldes", diz ele, mostrando vários recipientes espalhados pela casa.
Em prédios próximos dali, o jeito foi comprar água de carros-pipa. "Só neste fim de semana compramos água duas vezes", afirma o zelador Francisco Pereira, 47.
'MANOBRAS TÉCNICAS'
Questionada sobre as queixas no Alto da Lapa, a Sabesp afirmou que a situação nos locais é causada por "manobras técnicas" para diminuir o uso da água do sistema Cantareira e aumentar a utilização de outros em melhores condições.
O abastecimento, segundo a empresa, será normalizado nesta terça (14).
Apesar de a presidente da empresa ter afirmado que eventuais problemas de falta d'água são restritos a regiões altas, distantes de reservatórios e em casas sem caixa adequada, tem havido reclamações em vários bairros.
Nesta segunda, por exemplo, a reportagem ouviu queixas de moradores da Aclimação (região central) e Vila Mariana (na zona sul). A empresa alegou que a interrupção ocorreu devido à realização de uma obra emergencial.