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O Coliseu vai cair

Espremida entre a antiga sede da Daslu, prédios espelhados e shoppings de luxo, favela na Vila Olímpia será demolida para dar lugar a conjunto habitacional, segundo projeto da prefeitura

GIBA BERGAMIM JR. DE SÃO PAULO

Encravada no meio de edifícios espelhados, a favela Coliseu, na Vila Olímpia, zona oeste, está encurralada entre conglomerados empresariais, shoppings de luxo e o prédio em estilo neoclássico onde funcionava a Daslu.

Mas os barracos devem sair dali, dando lugar à arquitetura característica dos conjuntos habitacionais, com seus predinhos baixos para a população de baixa renda -os quais seguirão cercados por espigões milionários.

Segundo a prefeitura, num prazo de três anos a favela dará espaço a um condomínio para os moradores, que passarão a viver legalmente na região -um dos metros quadrados mais caros da cidade.

A Folha teve acesso ao projeto aprovado pela Secretaria Municipal de Habitação, a ser tocado adiante na gestão do prefeito eleito Fernando Haddad (PT) -que prometeu em discurso de posse "derrubar o muro da vergonha que divide a cidade pobre da rica".

Os atuais barracos de madeira e as construções improvisadas -onde há até criação de galinhas- darão lugar a prédios residenciais, creche e salão de festas, de acordo com a prefeitura.

No terreno de 4.638 metros quadrados, que será desapropriado -ainda sem valor definido- estão previstas a construção de 252 unidades habitacionais, cada uma com 47 metros quadrados.

O empreendimento terá dez pavimentos residenciais e dois térreos, destinados para equipamentos públicos-sociais e de geração de renda.

Ali, de acordo com o projeto da prefeitura de São Paulo, devem funcionar creche, restaurante-escola e oficinas de capacitação.

O estudo preliminar teve início há um ano e foi apresentado ao Conselho Gestor da Operação Urbana Faria Lima no dia 25 de setembro.

Entre desapropriação, estudos, elaboração de projeto, licitação e execução de obra, o tempo médio é de três anos.

VIZINHO FAMOSO

A Coliseu já existia quando, em 2004, começaram a erguer a Daslu, megashopping de luxo alvo de investigação sobre um esquema de importação fraudulenta de roupas, sapatos e bolsas de grifes chiques.

O ex-templo de compras deve ser demolido, mas um novo shopping de classe AAA, o JK Iguatemi, e outros prédios foram levantados no entorno. A Daslu agora tem uma loja dentro do shopping.

Já a área da favela deveria ter sido beneficiada pela operação urbana Faria Lima desde a gestão Maluf.

A favela seria reurbanizada com verba oriunda de Cepacs (certificados de potencial adicional de construção).

O destino foi debatido na última semana, quando o professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) Paulo Sandroni disse que o projeto está atrasado, durante o seminário "Projetos Urbanos SP 2012", na Universidade Mackenzie.

Na ocasião, Sandroni pediu explicações sobre o atraso ao secretário de Habitação, Ricardo Pereira Leite.

"Os moradores estão ansiosos para que isso seja resolvido", disse Sandroni.

"Estamos preparando a desapropriação e faremos habitação no próprio local", respondeu o secretário.

Portanto, as cerca de 240 famílias que estão ali vão continuar no local.

É o que espera o professor de educação física Vinícius Venuto, 26, morador da Coliseu desde que nasceu.

"A favela foi totalmente comprimida. Tem gente que vive nessa área faz 50 anos. Queremos nossas casas aqui", disse.

Em 2005, a comunidade local travou uma guerra com a dona da Daslu, Eliana Tranchesi, com críticas à inauguração do espaço sem ajuda social aos moradores do entorno.

Depois, os próprios moradores selaram a paz com Eliana, morta em fevereiro, vítima de câncer no pulmão.


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