Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Cotidiano

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Toshiro Ono (1924-2012)

O saci-pererê japonês e bossa-nova

FABIANO MAISONNAVE DE PEQUIM

Em 1999, Toshiro Ono teve de lutar contra o sono no longo funeral de um amigo, entoado por tediosos mantras budistas. "Quando eu morrer, se vir o meu funeral e todos estiverem olhando para os seus relógios, pensando 'só quero ir pra casa', isso me deixará aborrecido", disse, na época. "O canto é chato. E o motivo é que não tem ritmo."

Foi ali que teve a ideia de seu primeiro e único CD: seis monges cantando sob o compasso de quatro sambistas.

A gravação se deu no Saci-Pererê, restaurante/casa de shows aberto por ele há 40 anos. No local, milhares de japoneses conheceram a música brasileira, empatia tão grande que hoje é muito natural ouvir bossa nova por lá.

Filho de um general, nasceu em Taiwan, na ocupação japonesa. Aos 15 anos, seu pai o enviou a um monastério em Pyongyang, na atual Coreia do Norte. Acordava de madrugada para tomar banho de balde sob um frio de até -30º C.

Após a guerra, trabalhou de intérprete para militares americanos até emigrar para São Paulo, no fim dos anos 50. Abriu uma casa de espetáculos e foi empresário do violonista Baden Powell, que anos depois daria canja no Saci.

Voltou para o Japão em 1972. Além da música, levou uma brasileirinha de dez anos, a filha Lisa Ono, que se tornaria a cantora de bossa nova mais popular do Japão e da Ásia -gravou até com Jobim.

Morreu na semana passada, aos 88, em Tóquio, quando tentava se recuperar de uma parada cardíaca. Deixa três filhas. No funeral, cantou-se "Fita Amarela": "Se existe alma/se há outra encarnação/queria que a mulata sapateasse no meu caixão".


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página