Folha de S.Paulo

Alunos estão sem refeição em escola há três meses

TATIANA CAVALCANTI DO “AGORA”

Alunos da Escola Estadual Caetano de Campos, no bairro da Aclimação (região central de São Paulo), estão desde agosto sem as refeições servidas no almoço e no jantar por um motivo: a unidade perdeu a sua merendeira.

De acordo com pais e estudantes, a merendeira do colégio deixou o emprego desde a volta às aulas, no começo de agosto, e ninguém foi contratado pela Secretaria de Estado da Educação para o lugar dela.

A unidade funciona nos três períodos do dia, e as refeições era oferecidas antes do início de cada período de aulas, segundo pais de alunos. O governo diz que o problema será resolvido hoje.

A reportagem esteve ontem no colégio, que fica na rua Pires da Mota, por volta do meio-dia, quando geralmente é servido o almoço, e encontrou o refeitório vazio.

Um aluno, que pediu para não ser identificado, afirmou que o almoço na escola é importante porque sua mãe trabalha fora e não tem tempo de deixar a comida pronta.

"Eu comia na escola porque era muito bom, apesar de nem sempre ser saboroso. Agora, tenho que levar lanche todos os dias na hora do almoço. Já tive até azia", disse o estudante da 8ª série.

Pai de um aluno, o zelador Francisco Carlos de Farias, 44, estava inconformado com a falta da refeição para o filho. "Eu nem me preocupava com a comida, porque sabia que ele almoçaria na escola. Agora, estamos apreensivos todos os dias", afirmou.

Outro estudante, que também pediu para não ser identificado, disse que, apesar de a qualidade do preparo não ser tão boa, ele gostava de almoçar na escola. "Era prático e eu não me sentia abandonado. Agora, como muito lanche, já até enjoei", disse.

Funcionários e estudantes afirmam que, apesar da falta da funcionária que prepara as refeições, a chamada "merenda seca" (lanches, bolachas, frutas e barra de cereal) está sendo distribuída normalmente na unidade, pela manhã e à tarde.