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Domenica Parisi Neves (1924-2012)

Uma operária filha de italianos

ESTÊVÃO BERTONI DE SÃO PAULO

Domenica Parisi Neves tinha por volta de cinco anos, seu irmão mais velho, sete, e o mais novo, três, quando seus pais se separaram. Paulistana, crescida entre o Brás e a Mooca, era filha de italianos que se conheceram no Brasil.

Os pais foram operários, e Domenica teve o mesmo destino: entre 1938 e 1945, trabalhou na Cotonifício Rodolfo Crespi, que um dia chegou a ser a maior tecelagem da América Latina. Mesmo contra a vontade dos patrões, trocou o emprego por outro na Fábrica de Casimiras Adamastor S.A.

No novo serviço, conheceu Manuel, que saíra de Lombo dos Moinhos, no Estreito da Calheta, na Ilha da Madeira, aos 14 anos. Casou-se com ele em 1946 e teve três filhos.

Deixou de trabalhar para cuidar da casa e da família.

Era quieta e tímida, mas muito atenta e prestativa, como conta o filho Reinaldo.

Até teve vontade de conhecer a Itália dos pais, mas temia aviões. O filho fez a viagem e encontrou parentes por lá, que ficaram emocionados ao saber que os pais de Domenica tinham se separado.

Quando houve a separação, ela perdeu o contato com o pai, a quem só foi rever em 1954. Ele descobriu que a filha tinha um bar com o marido e foi procurá-la, dizendo que gostaria de vê-la pela última vez -o que de fato ocorreu. Ele morreu três anos mais tarde.

Em 1991, perdeu o marido e, em 1998, um filho. Os dois morreram devido à mesma doença: um câncer de pulmão.

Domenica era religiosa e sentia gratidão pelos franciscanos, como conta o filho.

Sofrera um acidente vascular cerebral. Morreu na segunda (29), aos 88, deixando seis netos e cinco bisnetos.

coluna.obituario@uol.com.br


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