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Aluno que boicotar exame terá 'ficha suja', diz conselho de medicina de SP

'Rebeldia' será arquivada e poderá ter 'impacto negativo' na carreira do futuro médico, afirma Cremesp

Líderes estudantis de 3 universidades pregam boicote à prova, que é obrigatória para estudantes do 6º ano

CLÁUDIA COLLUCCI DE SÃO PAULO

Estudantes de medicina que boicotarem o exame do Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) poderão ficar com a "ficha suja" no conselho.

A prova, que passou a ser obrigatória para os alunos do sexto ano, é pioneira no país e acontece no domingo em São Paulo. Sem o certificado de participação, o estudante não obtém o registro profissional no conselho paulista.

Lideranças estudantis de três universidades (Unicamp, Unesp e Faculdade de Medicina de Marília) estão recomendando que os alunos boicotem o exame (leia nesta pág.).

A orientação é para que marquem, em todas as questões, a alternativa "B", de boicote.

Segundo o Cremesp, o "ato de rebeldia" ficará arquivado no conselho, na pasta do futuro médico.

"Esses colegas estão entrando na profissão agora. Será que vão querer começar já cometendo uma infração ética?", questiona o conselheiro Bráulio Luna Filho e um dos coordenadores do exame, referindo-se à resolução que tornou obrigatório o exame.

Ele diz que a adesão ao boicote poderá ter um "impacto negativo" na carreira do futuro médico. "Não pretendemos fazer nenhum uso disso agora. Mas [a prova] vai ficar guardada, se precisar."

Criado em 2005, o exame era optativo até o ano passado. Nos últimos anos, foi sendo esvaziado. Em 2011, apenas 418 alunos (contra 998 de 2005) se inscreveram. A taxa de reprovação foi de 46% -índice médio dos últimos sete anos.

"Temos absoluta convicção de que o recém-formado que não consegue acertar 60% da prova não tem condições de sair atendendo as pessoas sem colocar em risco a saúde delas", afirma Renato Azevedo Júnior, presidente do Cremesp.

O teste não exige nota mínima para aprovação. O aluno só precisa comparecer no dia da prova e responder a todas as questões. Por força de lei, o Cremesp não pode condicionar o registro à aprovação em um exame. Isso exigiria uma lei federal.

NOVO MODELO

A Abem (Associação Brasileira de Ensino Médico) e o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, já se posicionaram contrários ao exame do Cremesp. Eles defendem uma avaliação seriada do aluno: no 2º, 4º e 6º anos do curso.

À Folha Padilha disse que os ministérios da Saúde e da Educação estão discutindo um novo modelo de avaliação permanente dos estudantes e das escolas médicas.

"É preciso avaliar aluno e faculdade. Se não houver evolução, o aluno não pode ser o único penalizado. A faculdade deverá ser proibida de ofertar novo vestibular."

Azevedo Júnior, do Cremesp, afirma que o conselho é favorável que as escolas de medicina avaliem seus alunos permanentemente, mas que haja uma avaliação externa no final do curso, nos moldes das que existem nos EUA e na Inglaterra.

"As escolas são ineficientes nas suas avaliações. O ministério e a Abem defendem o exame progressivo, mas não o fazem", diz Luna Filho.

A despeito da polêmica, o exame tem recebido apoio de médicos renomados, como o cardiologista Adib Jatene e o oncologista Drauzio Varella, que também defendem avaliações externas periódicas.

Para Jatene, o teste não deve ser encarado como punição, "mas como uma das formas de obrigar a escola a ensinar, e o aluno a aprender".

Drauzio Varella diz que o exame do Cremesp é o primeiro passo para aprimorar a formação dos médicos. Ele apoia avaliações periódicas também para os médicos já formados. "Médicos desatua-lizados colocam em perigo a integridade dos pacientes."


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