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Promotor recua e agora quer novo júri para Carla Cepollina
Advogada foi absolvida da morte do coronel Ubiratan Guimarães, em 2006
Jurados consideraram que não havia indícios contra ela; acusação afirma que a decisão contrariou as provas
Contrariando o que anunciou anteontem, o promotor João Carlos Calsavara decidiu pedir a anulação do júri que absolveu Carla Cepollina, 47, da morte do coronel da Polícia Militar Ubiratan Guimarães, em 2006.
Após o julgamento, ele havia dito que não iria recorrer, sem dar explicações. Disse apenas que a decisão dos jurados foi influenciada pela imagem negativa do coronel -comandante do episódio conhecido como Massacre do Carandiru, que acabou com 111 presos mortos em 1992.
Por meio da assessoria de imprensa do Ministério Público, o promotor, que não quis falar com jornalistas, disse que analisou melhor.
O pedido dele será baseado em três fundamentos: absolvição contrária às provas dos autos, cerceamento da acusação e nulidade processual. Os dois últimos partem do pressuposto de que algum episódio durante o júri prejudicou a atividade do promotor e de seu assistente.
Ele não explicou, no entanto, que episódio seria esse.
O advogado assistente da promotoria, Vicente Cascione, também vai recorrer.
Eugênio Malavasi, defensor de Carla, reagiu com surpresa à decisão da promotoria. "É um paradoxo. Ele verbalizou ontem que se conformava com a decisão", disse.
Caso os argumentos da acusação sejam acatados pelos desembargadores do Tribunal de Justiça, um novo julgamento será marcado.
O advogado afirma que, nesse caso, tentará recorrer ao Superior Tribunal de Justiça ou ao Supremo Tribunal Federal, mas, para isso, terá que provar que a decisão dos desembargadores fere a lei ou a Constituição.
COLETIVA
Ontem, Carla Cepollina marcou uma coletiva de imprensa para falar sobre o caso, mas não compareceu.
No lugar dela, foram Malavasi e Liliana Prinzivalli, mãe e advogada dela.
Segundo eles, Carla não foi ao compromisso porque estava cansada. Liliana disse que, após o julgamento, a filha foi para casa e recebeu a visita de familiares e amigos.
Quando questionada se a filha comemorou o resultado, ela afirmou que não.
"Não é motivo para comemorar. Foram seis anos da vida dela perdidos [entre o crime e o júri]", afirmou.
JULGAMENTO
O julgamento, que durou três dias e terminou anteontem, foi feito por sete jurados -seis homens e uma mulher. Os quatro primeiros a se manifestar consideraram ter havido falta de provas e, por isso, absolveram Carla.
Como esses quatro votos já compunham a maioria do júri, a votação foi encerrada.
A acusação afirmava que Carla, namorada do coronel, o matou por ciúmes de uma amante. Ela sempre negou.
Ubiratan foi encontrado morto com um tiro no abdômen em seu apartamento.